Preços do milho caem no Brasil mesmo com câmbio favorável e aumento nos embarques

Os preços do milho recuaram nos últimos dias no mercado interno, segundo o Cepea. A retração da demanda e o foco dos produtores na semeadura explicam a lentidão nas negociações, enquanto as exportações seguem abaixo do ritmo necessário para atingir a meta da safra 2024/25.

Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que o mercado de milho atravessa um momento de enfraquecimento nos preços, puxado por uma combinação de fatores internos. De um lado, compradores demonstram cautela e informam estar abastecidos para o consumo imediato. De outro, vendedores negociam com menor intensidade, priorizando a semeadura da safra de verão e mantendo parte da segunda safra estocada.

Nos portos, a valorização do dólar frente ao real e o cenário de alta nos preços internacionais do milho têm dado algum suporte às cotações. No entanto, esse movimento ainda não foi suficiente para impulsionar os preços aos níveis esperados pelos agentes do setor. As margens seguem apertadas, principalmente diante da oferta elevada resultante das últimas safras.

Exportações em ritmo moderado preocupam setor

Em relação ao comércio exterior, os embarques de milho apresentaram leve avanço neste mês, mas ainda estão aquém do necessário para alcançar a meta estabelecida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a temporada 2024/25, a previsão oficial é de 40 milhões de toneladas exportadas. No entanto, de fevereiro até a parcial de setembro, foram escoadas apenas 17 milhões de toneladas pelos portos brasileiros, segundo análise do Cepea.

Esse desempenho reforça o desafio logístico e comercial enfrentado pelo Brasil neste segundo semestre. Apesar da demanda internacional e da competitividade cambial, o ritmo das vendas externas precisa ganhar tração rapidamente para evitar excesso de oferta interna e maior pressão sobre os preços.

Produtores em compasso de espera, mercado observa exportações

Com o foco dos produtores voltado ao plantio da safra de verão e a comercialização do milho ainda lenta, o mercado nacional permanece em compasso de espera. A recuperação dos preços dependerá, em grande parte, da reação das exportações nos próximos meses e do comportamento do câmbio. Acompanhar esses movimentos será essencial para o planejamento estratégico da cadeia produtiva.