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Preços do trigo no Brasil seguem estáveis

Acirramento do conflito comercial entre EUA e China colaborou para tensionar o mercado do trigo


As cotações do trigo em Chicago romperam o teto dos US$ 5,00/bushel e fecharam a quinta-feira (30) em US$ 5,14/bushel, contra US$ 4,70 uma semana antes. O atual valor não era visto desde meados de fevereiro do corrente ano. 

Houve movimento de cobertura de posição para as cotações mais distantes em função do clima ruim que atinge as regiões produtoras dos EUA. Soma-se a isso as fracas exportações do cereal estadunidense, além de dúvidas quanto ao plano de apoio aos produtores do cereal atingidos pelas intempéries. 

Quanto as vendas líquidas de trigo, os EUA registraram um volume de apenas 48.400 toneladas na semana encerrada em 16/05, sendo considerada a pior semana do atual ano comercial 2018/19, pois significou 74% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2019/20 foram exportadas 344.900 toneladas. A soma dos dois anos ficou no patamar inferior das expectativas do mercado.

Além disso, o acirramento do conflito comercial entre EUA e China colaborou para tensionar o mercado do trigo. Todavia, estes fatores não foram suficientes para reduzir o valor do bushel. Assim, o fechamento deste dia 30/05 ficou 20,9% acima do registrado no primeiro dia do mês. 

No Mercosul, os preços de referência não se modificaram mais uma vez, com a tonelada Fob para exportação ficando entre US$ 215,00 e US$ 220,00, enquanto a safra nova argentina permaneceu em US$ 180,00, ambos para compra.

Já no Brasil, o quadro continua sendo de estabilidade nos preços. A média gaúcha fechou a semana em R$ 40,35/saco, enquanto os lotes recuaram para R$ 46,80/saco na referência. No Paraná, o balcão registrou valores entre R$ 44,00 e R$ 46,50/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 54,00 e R$ 54,60/saco. Já em Santa Catarina, o balcão se manteve entre R$ 41,00 e R$ 42,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, se fixaram em R$ 50,40/saco.

O plantio estaria perto do final no Paraná, embora as chuvas dos últimos dias tenham atrapalhado um pouco o processo. Já no Rio Grande do Sul o excesso de umidade vem atrasando a semeadura do cereal, causando preocupações em algumas regiões neste final de maio. No caso do Noroeste e das Missões gaúcha, o plantio estaria entre 4% a 5% da área esperada nesta virada de mês. No geral, espera-se uma área nacional de trigo semelhante àquela do ano passado. 

Quanto ao mercado nacional do trigo, a liquidez continua baixa pela falta de produto; a indústria, graças as importações, continua abastecida, esperando a colheita da nova safra e uma redução do câmbio; enquanto os preços se mantém estáveis.

A forte desvalorização do Real nos últimos dias tornou mais cara as importações, porém, não chegou a afetar os preços internos de referência. Pelo contrário, os mesmos até recuaram no Rio Grande do Sul. Com a volta do Real à casa dos R$ 3,96 no final da semana, o mercado nacional do trigo vê diminuírem as chances de uma recuperação de preços no momento. Além disso, a demanda por farinha está menor, fato que freia a moagem dos moinhos, permitindo alongamento de estoques.

A questão agora passa a ser o clima sobre as regiões produtoras de trigo. No Paraná o mesmo está adequado, porém, no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina o excesso de chuvas vem alarmando os produtores, pois atrasa o plantio. Esta passa a ser uma questão crucial daqui em diante no mercado nacional do cereal.
 

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