De acordo com a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), os preços do trigo continuam firmes e com viés de alta no Brasil. Quem possui trigo de qualidade superior, raro neste momento, segura o produto, esperando ainda melhores preços. Além disso, o Brasil está na entressafra, fato que reduz os estoques disponíveis, melhorando os preços internos. Desta forma, a média gaúcha fechou a semana em R$ 65,56/saco, enquanto no Paraná os preços ficaram em R$ 74,00/saco.
Diante das incertezas do mercado tritícola nacional, os moinhos deverão reajustar para cima os preços da farinha de trigo, pressionando a inflação. Haverá uma importante redução na área semeada neste ano (11,1% segundo a Conab), enquanto o clima sempre é uma incógnita, seguidamente provocando frustrações tanto na produção quanto na qualidade do produto. Assim, a necessidade de importação, pelos moinhos, aumenta, em um momento em que os preços internacionais sobem.
Enfim, embora o Paraná espere um aumento de 2% na produção deste ano, com a mesma chegando a 3,7 milhões de toneladas, o forte recuo esperado no Rio Grande do Sul e nas demais regiões produtoras indica que a produção nacional final pode ser menor ou igual à frustrada safra do ano passado, mesmo que o clima colabore neste ano de 2024. Por enquanto, a Conab ainda projeta uma produção final de 9,1 milhões de toneladas, sendo 4,2 milhões no Rio Grande do Sul e 3,0 milhões no Paraná, contra 8,1 milhões de toneladas colhidas em 2023, com um grande percentual de produto de baixa qualidade na ocasião. Mas, diante da realidade do mercado e da economia nacional, consideramos que as projeções da Conab estão um tanto otimistas. Especialmente porque o plantio no RS, diante das enchentes e da colheita tardia da soja, atrasou bastante, levando os produtores a desistirem do cereal e apostarem um pouco mais na canola.