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Preços dos fretes disparam na região Centro-Oeste


Transportadores de carga do Centro-Oeste estão aproveitando o período de escoamento da safra de soja para aumentar os preços do frete, pressionados pela alta dos custos de manutenção dos caminhões e pela escalada dos preços do diesel que, pelas contas da Associação Nacional dos Transportadores de Carga (NTC), subiu 43,15% de novembro de 2002 até o início de março. O objetivo é repassar para os embarcadores parte dos aumentos de custos decorrentes da alta dos combustíveis. A disparada do frete na Região, que em fevereiro registrou alta de até 92% em relação ao mesmo período em 2002 em Mato Grosso, onde a situação é mais grave, está pesando no bolso do produtor com a elevação do custo do hectare plantado.

O agricultor mato-grossense Egídio Raul Vuaden diz que o aumento anulou a expectativa de lucro extra com a alta da cotação da saca de soja, que chegou a R$ 34,50 na semana passada, contra os R$ 22 no mesmo período de 2002. Segundo ele, só o frete elevou de R$ 200 para R$ 320 o custo por hectare plantado na sua propriedade, em Lucas do Rio Verde. "Foi um banho de água fria.Estou perdendo tanto na lucratividade da soja quanto no aumento do frete de adubo para o preparo do plantio de milho safrinha que, de janeiro para cá, já subiu de R$ 55 para R$ 85 por tonelada", afirma.

Segundo a economista do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Rosimeire Cristina dos Santos, a alta do frete durante a colheita é normal. "Geralmente há reajuste temporário de até 60% por causa do crescimento da demanda", observa. No entanto, ela afirma que, este ano, os preços subiram acima da média histórica do período por conta do acúmulo de perdas dos freteiros e da variação cambial, que elevou os preços de peças e a alta do diesel.

Rosimeire cita como exemplo os trechos entre o município de Sapezal e o porto de Paranaguá (PR), onde o preço médio do frete está em R$ 170 por tonelada, e entre Lucas do Rio Verde e Rondonópolis, que concentra grande parte das esmagadoras de grãos do estado, onde o preço fica em torno de R$ 45. "No ano passado, o frete nesses trechos era de R$ 97 e R$ 23,39 por tonelada. O reajuste está sendo muito maior que a elevação dos custos dos transportadores", afirma.

Cálculos do Departamento de Custos Operacionais da NTC (Decope), baseados no Índice Nacional de Custos do Transporte Rodoviário de Cargas (INCT), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe), apontam que, só para corrigir a defasagem de preços gerada pelos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis nos últimos nove meses, seria necessário um reajuste de 15,61% para lotações ou cargas completas (inclusive transporte de contêineres), e de 11,58% para os serviços de transporte de carga fracionada. Os estudos da entidade demonstraram ainda reajustes acumulados de 15,3% no óleo, de 10,65% nos veículos e de 10,13% no seguros entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano. O aumento do custo variável do veículo, no período, chegou a 24,35%, segundo a NTC.

"O aumento mínimo necessário seria da ordem de 30% a 35%", rebate o presidente do Sindicato de Empresas de Transporte de Carga de Mato Grosso (Sindmat), Etevaldo Eugênio Azevedo. "Estamos em um momento de aumento de demanda, enfrentando estradas mal conservadas e em período de chuvas. Se não houver reajuste agora, vamos entrar no período de entressafra já no prejuízo", justifica.

O gerente comercial da transportadora Brasil Central, Oromildes Masson, admite que os fretes estão pelo menos 20% mais caros do que o necessário para compensar o aumento dos combustíveis nos últimos meses, mas acredita não haver outra maneira de evitar prejuízos futuros. "O reajuste proposto pela NTC não se adapta à realidade do transportador de grãos, que vive em função da lei da oferta e da procura. Fora da colheita, não conseguimos impor nem esse índice que eles recomendaram", afirma Masson.

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