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Preços mundiais do arroz continuam caindo

Os estoques mundiais  de arroz no final de 2019 aumentaram 4,7%, para 176,6 Mt


Foto: Pixabay

De acordo com as estimativas mais recentes da FAO, a produção mundial em 2019 teria aumentado para 754,3 milhões de toneladas (500,8 Mt base beneficiado), redução de 1,1% em relação a 2018. Em 2020, as primeiras projeções indicam uma recuperação de 1,7% para 766,8 Mt (509,2 Mt base beneficiado). A produção chinesa pode aumentar 0,4%, graças aos preços mais remuneradores ao produtor. Na Índia, também se espera um crescimento de 1% em relação a 2019. No Sudeste Asiático, especialmente na Tailândia, é esperado um aumento significativo na produção, apesar dos problemas de seca que afetaram a segunda colheita no meio do ano. No restante da sub-região, a produção deverá permanecer relativamente estável.

Na África subsaariana, especialmente nas regiões ocidentais, a estação chuvosa começou e a precipitação deve ser abundante, o que deve favorecer o desenvolvimento das culturas. No nível do continente, a produção africana pode aumentar 2,9% em relação a 2019. Em Madagascar, por outro lado, a produção de arroz pode diminuir 3,5%. No Mercosul, os resultados da campanha foram positivos, marcando um aumento geral na produção de arroz de 3% em relação a 2019.

Também nos Estados Unidos, as colheitas devem melhorar consideravelmente em 2020, cerca de 17%, graças ao aumento da área plantada.

Comércio mundial

Em 2019, o comércio mundial caiu 9% para 44,1 Mt contra 48,5 Mt em 2018. Em 2020, novas projeções indicam uma recuperação no comércio mundial de 1,8% para 44,9 Mt. Em 2019, os principais importadores asiáticos, com exceção das Filipinas, reduziram suas demandas de importação. As importações africanas também teriam sido menores em 2019, apontando 16 Mt contra 16,7 Mt em 2018.

A redução do comércio mundial em 2019 afetou principalmente a Tailândia, cujas exportações caíram 30%. Na Índia, houve também uma queda de 17% em 2019. Mas as exportações indianas devem se recuperar em 2020, consolidando sua liderança global. A Tailândia, por sua vez, poderia ver uma queda adicional em suas vendas externas e até ceder o segundo lugar como exportador mundial para o Vietnã.

As primeiras projeções para o comércio em 2021 indicam um aumento de 6% para 47,6 Mt, ou 2,6 Mt a mais que em 2020. Os estoques mundiais  de arroz no final de 2019 aumentaram 4,7%, para 176,6 Mt, em relação a 176,3 Mt em 2018, atingindo o nível mais alto de todos os tempos. Essas reservas representam 37% das necessidades globais. A nova melhoria se deve principalmente ao aumento das reservas na China e na Índia, bem como na Indonésia. Os países exportadores também teriam aumentado suas reservas em 2019 para 45 Mt, equivalente a 25% dos estoques mundiais. As estimativas para 2020 indicam uma ligeira queda de 0,6% para 183,5 Mt. Essa contração pode continuar em 2021 com uma projeção de 182,2 Mt, ou seja, 0,7% a menos que em 2020.

Tendências do mercado

Em junho, os preços mundiais do arroz continuaram em queda devido à redução da demanda mundial. No entanto, os preços continuam altos em relação ao trimestre anterior. As perspectivas mundiais de produção indicam um aumento de 1,6%, graças às melhores condições climáticas, aumento da área e preços ao produtor mais remuneradores. As disponibilidades exportáveis continuam globalmente abundantes e é provável que ocorram novas quedas nos preços mundiais nas próximas semanas e meses. Na Tailândia, os preços caíram, mas ainda são mais altos do que os de seus principais concorrentes, devido a uma possível queda na produção no meio do ano.

Na Índia, os preços também caíram, mas permanecem confortavelmente acima dos preços tailandeses. A diminuição da demanda global também pesa nos preços vietnamitas, que caíram para o nível mais baixo desde meados de abril. No Paquistão, são observadas quedas de preços mais significativas, enquanto os preços de exportação no hemisfério ocidental permanecem relativamente estáveis. A FAO
atualizou os dados de comércio mundial em  2020, o qual deve registrar um aumento de 1,8% em relação a 2019. Apesar do período de grande incerteza devido à crise sanitária global, as primeiras projeções do comércio mundial para 2021 indicam um aumento significativo de 6,2% para 47,6 Mt.

Em junho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu apenas um ponto para 232,9 pontos (base 100 = janeiro de 2000) de 233,9 pontos em maio, mas ainda é 20% superior ao do início do ano. No início de julho, o índice IPO tendia a cair para cerca de 225 pontos.

Na Índia, os preços do arroz se recuperaram 1% em relação a maio. Com esse aumento moderado, os preços indianos continuam sendo os mais competitivos do mercado mundial, em grande parte devido à
desvalorização da rupia em relação ao dólar. Espera-se que a produção indiana atinja um novo recorde, graças a uma boa monção e aos preços mais elevados. Atualmente, as exportações continuam atrasadas frente ao ano passado, mas os superávits de exportação são consideráveis. No total, as exportações podem chegar a 9,8 Mt em 2020. Em junho, o arroz indiano quebrado 5% foi cotado a US$ 374/t FOB contra $ 370 em maio. No início de julho, o preço estava estável em $ 380. O arroz indiano 25%, por sua vez, permaneceu relativamente estável em $ 349 contra $ 348 anteriormente. Na Tailândia, os preços de exportação caíram 1% em um mês. Com o retorno da Índia e do Vietnã ao mercado de exportação, a redução da demanda mundial pesa sobre os preços tailandeses. Estima-se que as exportações tenham atingido 420.000 t em junho, em comparação a 463.000 t em maio. As vendas externas seriam 30% menores que no mesmo período do ano passado. Em junho, o preço do arroz Tai 100% B atingiu uma média de $ 499 contra $ 551 em maio. No início de julho, esse preço caia para $ 480. O Tai parboilizado também baixou para $ 503, frente a $ 506 anteriormente; já o A1 Super quebrado caiu apenas 0,4%, para $ 426 em relação a $ 428 em maio.

No Vietnã, os preços de exportação também caíram 1% em um mês. O Vietnã está sendo afetado pela menor demanda mundial. Suas vendas externas não excederam 450.000 t em junho, contra 930.000 t em maio. As Filipinas continuam sendo seu principal cliente, com mais de 30% do total das exportações, depois da China, cuja demanda por arroz vietnamita aumentou. O mercado chinês representaria quase 15% das vendas vietnamitas. Em junho, o Viet 5% marcou $ 463 contra $ 469 em maio. O Viet 25% se manteve firme, subindo 1,5%, para $ 448, contra $ 441. No início de julho, os preços vietnamitas estavam mais firmes. 

No Paquistão, os preços do arroz caíram acentuadamente de 3,5 a 4% devido à forte concorrência da Índia, mas os preços paquistaneses permanecem acima dos preços indianos. Em junho, o Pak 25% foi
negociado a $ 386 contra $ 400 em maio. No início de julho, os preços tendiam a cair ainda mais.

Na China, o mercado de exportação permanece fraco, mas deve se reativar nos próximos meses. As importações no geral tendem a baixar, podendo cair para 3,1 Mt em 2020 contra 3,8 Mt em 2019. Os estoques nacionais, embora ainda abundantes, poderiam diminuir 2,2% em 2020.

Por outro lado, se espera que a produção doméstica aumente graças a uma revalorização do preço ao produtor pela primeira vez desde 2014. Nos Estados Unidos, os preços de exportação permaneceram inalterados em um mercado fraco. As exportações dos EUA caíram 30% em um mês para 220.000 t contra 320.000 t em maio. As vendas mensais para o México diminuíram consideravelmente, para não mais que 10.000 t em comparação a 107.000 t em maio. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 ficou estável em $ 645/t. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz em casca caíram 19%, para $ 282/t, ante $ 348 em maio. No início de julho, os preços futuros continuaram a cair, marcando uma média de $ 268.

No Mercosul, os preços de exportação ficaram estáveis. As vendas externas permanecem relativamente firmes, apesar de uma novadiminuição das exportações brasileiras. As exportações uruguaias registraram um aumento de 35%, para 120.000 t em junho, contra 96.000 t em maio. O preço indicativo médio do arroz em casca brasileiro voltou a subir 11%, para $ 239/t, ante $ 215 em maio. No início de julho, o preço era relativamente estável, em torno de $ 236.

Na África subsaariana, os preços domésticos ficaram estáveis graças ao fornecimento regular de arroz importado. A nova temporada de arroz está começando nas regiões ocidentais com o início das chuvas, mas o arroz local está se tornando mais escasso nos mercados domésticos. Apesar dos preços internacionais relativamente baixos, a demanda africana pode contrair-se em 2020 devido à falta de divisas, já que as exportações de matérias-primas agrícolas e de mineração estão caindo devido à desaceleração da economia global. As importações de arroz podem atingir 16 Mt em 2020 contra 16,7 Mt em 2019

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