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Prejuízo com a estiagem passa dos R$ 50 milhões

Em três semanas, a quebra na soja chegou a 9,65%. No tabaco a quebra passou de 14,9% para 17%


Foto: Marcel Oliveira

Dá para contar nos dedos quantos dias choveu desde o início do ano. E se essa contagem ficar apenas em quantidades maiores, o índice pluviométrico é ainda mais escasso. Foi em 21 de janeiro, quando Venâncio Aires registrou 80 milímetros, a última vez que isso aconteceu.

É essa chuva mais ‘encorpada’ que o agricultor Miguel Sérgio Beppler, 59 anos, ainda espera que passe pelas bandas de Linha Herval, onde mora. Na propriedade dele, plantou 43 hectares de soja e colocou 33 sob seguro. “Deveria ter chovido bastante na semana passada, mas não veio. Salvar o que já foi, não dá mais”, afirmou Beppler. Nas próprias contas, caso não chova nos próximos dias, a perda chega a 90%.

Além da soja, o agricultor também cultiva tabaco e plantou 80 mil pés nesta safra. Nesse caso, ele relata que o prejuízo, curiosamente, começou com o excesso de chuva. “Encharcou demais no início e depois faltou. Com o calorão em cima, as folhas não se desenvolveram”, explica. No tabaco, a quebra de Beppler chegou a 30%.

AUMENTO

A situação do agricultor de Linha Herval não é exclusiva e faz parte das rodas de conversa por todo o território venâncio-airense há semanas, independente da cultura. Até agora, os prejuízos na agricultura do município chegam a R$ 50.056.468,75 – aumento de R$ 8,7 milhões só em janeiro.

“Se não chover consideravelmente até o fim de semana, já teremos outro período de seca que aumentará a quebra ainda mais”, destacou o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin.

O primeiro relatório apresentado por ele e que serviu de base para a Administração Municipal formalizar um decreto de emergência, somava R$ 41,3 milhões de prejuízo. Isso, só em dezembro.

Quanto ao decreto, aliás, assinado pelo prefeito Giovane Wickert em 6 de janeiro, ainda não há retorno. Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, André Kaufmann, é aguardado um posicionamento do Estado, via Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.

Perdas na soja chegam a 9,65%

O aumento nas perdas devido a estiagem está em um novo laudo técnico da Emater de Venâncio, que compreende o período entre 1º e 21 de janeiro. Nesse relatório aparece a soja, a qual não foi considerada em dezembro porque ainda havia possibilidade de recuperação no seu estágio.

Mas, como os dias secos continuaram e não houve evolução, o prejuízo se confirmou. Em três semanas, a quebra na soja chegou a 9,65%. “São 750 hectares irreversíveis dentro 3.900 cultivados”, revela Vicente Fin. Em números, são 262 toneladas já perdidas, o que também puxa para baixo a expectativa de colheita neste verão, antes projetada em 13.890 toneladas do grão.

AGRAVANTE

No laudo de dezembro, milho e tabaco já tinham perdas importantes e a situação dos dois piorou nas primeiras semanas de 2020.

De acordo com a Emater, o milho aumentou o prejuízo de 33% para 36,5% – 13.714 toneladas já perdidas em 4.500 hectares.

A situação do tabaco também agravou e já são 3.660 toneladas a menos. A quebra passou de 14,9% para 17%.

HORTALIÇAS

Enquanto muitas culturas sofrem, as hortaliças resistem, porque a maioria dos produtores mantém sistemas de irrigação. Além disso, são poucas as cultivadas neste período. Uma delas, a alface, é a que tem sofrido influência do tempo e isso se percebe no paladar, já que são comuns relatos de um certo ‘amargor’ nas folhas. Segundo Vicente Fin, isso se explica porque a planta, do gênero Lactuca, secreta látex. “Com o sol e o calor em cima, isso fica mais evidente e deixa o gosto mais forte.”

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