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Problemas de infraestrutura prejudicam vendas externas


A balança comercial, apesar da safra agrícola recorde, enfrenta entraves logísticos que devem continuar impactando o comércio exterior do Brasil em 2013.

Segundo especialistas consultados pelo DCI, o escoamento da produção, principalmente de produtos agrícolas, é dificultado pelas más condições das estradas, pelos portos e pela falta de locais de armazenamento.

Segundo o professor da ESPM, Adriano Gomes, "o custo Brasil emperra demasiadamente. O tempo médio que um caminhão demora para embarcar é de sete dias, o que coloca em risco todo o trabalho que foi bem feito no campo e que pode se perder em razão de fungos e de chuvas".


O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, também aponta a infraestrutura como um grande gargalo do País, principalmente para produtos como soja, itens vendidos com antecipação. "Soja é o típico produto que se compra no mercado futuro, todos os exportadores brasileiros estão vendendo agora para entregar em determinada data, o que pode acontecer é faltar navios, ter congestionamentos e corremos o risco de não entregar, não estamos preparados para escoar essa produção até os portos".

Essa situação, de acordo com os especialistas, se agrava devido ao fato desse ano estar prevista uma safra recorde de grãos no País. Castro afirma que 2013 será o primeiro ano em que o complexo soja irá superar o minério de ferro e se tornará o principal produto da balança comercial.

Para o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, Lucilio Alves, a safra recorde pode ser uma vantagem. "Sem dúvida, as perspectivas das safras tendem a ampliar o excedente no mercado interno, abrindo possibilidades de vendas ao mercado externo. Como os preços tendem a decrescer em casos de excedentes, isto pode ampliar a vantagem competitiva do Brasil perante outros grandes exportadores", disse.

Os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS), e dos Transportes, Paulo Sérgio Passos (PR), se reuniram ontem para definir a criação de um grupo de trabalho que irá avaliar a questão dos entraves logísticos no País e propor medidas emergenciais para escoamento da safra recorde de grãos de 183 milhões de toneladas. As exportações do complexo soja devem superar 45 milhões de toneladas nesta safra.

As primeiras informações sobre o novo grupo de trabalho, que contará também com a participação da Casa Civil, serão anunciadas na próxima quinta-feira. Além das questões emergenciais para evitar o "apagão logístico", o grupo irá discutir o Plano Nacional de Logística que está sendo elaborado pelo Ministério dos Transportes para os próximos 10 anos. Ano passado, a quebra da safra dos Estados Unidos influenciou bastante a alta dos preços dos grãos no mercado interno e, segundo o pesquisador da Esalq, fatores externos podem voltar a impactar as cotações neste ano.


Março

A balança comercial das duas primeiras semanas de março (que corresponde a seis dias úteis) registrou superávit de US$ 236 milhões, resultado de US$ 5,734 bilhões de exportações com média diária de US$ 955,7 milhões e de US$ 5,498 bilhões em importações, com desempenho médio diário de US$ 916,3 milhões. A corrente de comércio totalizou US$ 11,232 bilhões.

Pela média, as exportações crescerem 0,5% em relação a março de 2012, quando registrou US$ 950,5 milhões. Houve aumento nas vendas externas de bens semimanufaturados em 29,8%. Por outro lado, decresceram as vendas de produtos manufaturados em 8% e os embarques de produtos básicos em 1%, por conta, principalmente, de trigo em grão, farelo de soja, fumo em folhas e algodão em bruto.

A soja em grão foi uma exceção, a exportação deste item atingiu nas duas primeiras semanas do mês 1,003 milhão de toneladas, volume superior as 959,6 mil toneladas exportadas em fevereiro. A receita acumulada em março é de US$ 539,3 milhões e o preço médio ficou em US$ 537,6 por tonelada vendida.

Em relação à média de fevereiro passado, que chegou a US$ 863,8 milhões, as exportações tiveram alta de 10,6%, com crescimento de 19,9% nas vendas de produtos semimanufaturados e de 16,4% de básicos 16,4%, enquanto caíram em 1,5% os embarques de manufaturados.

Nas importações, março está com aumento de 6,7% na comparação com a média diária registrada no mesmo mês de 2012.

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