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Produção de arroz vai cair 2,5%

Veja como vai o desenvolvimento e expectativa de safra pelo Brasil


Foto: Marcel Oliveira

O 4º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostra que a safra de arroz será menor do que o esperado. A produção deve ficar 2,5% menor, com 10.9 milhões de toneladas em todo país. A área plantada cresceu 2.4%, ficando em 1.705 milhão de hectares. O clima impactou a produtividade que ficará em 6.394 kg/ha ou 4,8% a menos. Com isso o país deve importar 1.100 milhão de tonelada e exportar o mesmo montante. O consumo interno previsto é de 10.8 milhões de toneladas. 

Como principais fatores que barraram a expansão, apesar do atual patamar recorde de preço do arroz, destacam-se a falta de água em algumas regiões do Rio Grande do Sul e os elevados preços dos grãos que competem por área com cultura do arroz, soja e milho. Segundo a Conab na primeira semana de janeiro, a semeadura encerrou na Região Sul, com a normalização da precipitações, apesar da ocorrência de chuvas abaixo do normal durante todo o ano, que reduziram a capacidade das barragens. 

O Brasil havia semeado até 4 de janeiro cerca de 93% da área de arroz, um percentual ligeiramente inferior à safra passada, influenciado pelo Matopiba e Centro-Oeste. Mato Grosso, o terceiro maior produtor, semeou 70% da área até a primeira semana de janeiro. No Rio Grande do Sul, estado que produz 70% do grão, a semeadura está praticamente concluída. O Estado estima redução de 3% na produção, com expectativa de colher 7.6 milhões de toneladas ante 7.8 milhões de toneladas na safra 19/20.

Como vai o arroz pelo Brasil

Região Norte

Na Região Norte, a previsão é de incremento na área plantada em comparação à safra anterior, podendo potencializar a produção, que atualmente está estimada em 1.003,3 milhão de toneladas (aumento de 1,1% em comparação à safra passada). Com isso, a região deverá se configurar como a segunda maior produtora nacional de arroz, tendo como maior destaque a produção de Tocantins. 

Em Rondônia, o cultivo será exclusivamente de sequeiro, nos dois períodos previstos para o plantio. No Acre a tendência é de retração de 22,4%, com uma área cultivada em torno de 3,8 mil hectares. No Amazonas, o cultivo de arroz acontece basicamente para o consumo próprio, manejado em condição de sequeiro. A intenção é de cultivar 2,9 mil hectares, incremento de 20,8% em relação à safra passada. No Pará houve pequena redução na estimativa de área plantada em relação a 2019/20, indicando destinação de 42,9 mil hectares nesta safra. 

Em Tocantins, a previsão inicial é de aumento na área plantada em 3,4%, alcançando mais de 126 mil hectares. A produção do Estado é estimada em 665,4 mil toneladas ou 0,8% a mais. Com as chuvas o plantio do arroz de sequeiro teve início e deve se intensificar neste mês. Já o arroz irrigado 
Está na fase de finalização de plantio, com aproximadamente 94% da área já semeada. 

Em Roraima, o cultivo acontece em dois momentos. Uma parte das lavouras, denominada safra de verão, iniciou a semeadura ainda em outubro de 2020. Já o segundo período de plantio deve acontecer a partir de maio de 2021, com manejo irrigado por inundação. A estimativa é que, ao todo, sejam destinados cerca de 11,3 mil hectares à rizicultura nesta safra, indicando aumento de 9,7% em relação à temporada passada.

Região Nordeste

Na região a intenção é de aumento na área plantada em comparação ao ciclo passado. A expectativa é que sejam semeados 165,5 mil hectares, distribuídos em oito estados da região. 

No Maranhão, maior produtor nordestino,  a cultura é manejada tanto em sequeiro quanto em condição irrigada. No geral, a estimativa é de destinação de 96 mil hectares, com perspectiva inicial de produção na ordem de 165,6 mil toneladas. A colheita do irrigado, iniciada em outubro, segue avançando, com aproximadamente 80% da área total colhida. As lavouras, em sua maioria, encontram-se em boas condições, e o produto colhido tem sido de boa qualidade. O plantio de arroz de sequeiro foi iniciado no final de novembro, em municípios no centro e norte maranhense, em sistema de cultivo de sequeiro, favorecido com uso de variedades de arroz irrigado em áreas de baixadas, mas sem irrigação controlada. 

No Piauí, a área de arroz total deve apresentar incremento na ordem de 4,7%, atingindo cerca de 51,4 mil hectares. A produtividade esperada é de 1.394 kg/ha, 16,6% menor que a safra anterior. A área de arroz no estado é predominantemente oriunda da agricultura familiar, com exceção das áreas irrigadas onde predomina a agricultura empresarial. Em Alagoas, a cultura é manejada em condição irrigada. Nesta safra, a intenção é de manutenção de 3,1 mil hectares, com estimativa de produção acima das 20,1 mil toneladas. Em Sergipe, o plantio de arroz está bem adiantado e deve ser concluído agora em novembro. A estimativa atual é de manutenção da área plantada, ficando em 4 mil hectares.

Região Centro-Oeste

No centro do país somente o Distrito Federal não planta arroz. Mesmo assim é a terceira região que mais produz. A estimativa é de incremento na área plantada em 12,4%, quando comparada à última safra, ficando em 158,6 mil hectares semeados. Quanto à produção, espera-se que sejam colhidas cerca de 602,9 mil toneladas, representando incremento de 1,5% em relação a 2019/20. 

Em Mato Grosso, a semeadura do arroz atingiu 55% até o final de dezembro, com relatos de atraso, além do replantio pontual nas regiões Médio-Norte e Norte do estado decorrente da escassez de chuvas. Em termos de área cultivada, a maior concorrência por espaço com a soja e clima adverso não prejudicou o incremento do cultivo do cereal, que cresceu 4,3% em âmbito estadual, saindo de 118,7 mil hectares na safra 2019/20 para 123,8 mil hectares na atual. 

Em Mato Grosso do Sul, as lavouras de arroz continuam apresentando bom desenvolvimento em todas as regiões produtoras, fazendo-se necessário, porém, maior atenção com relação à ocorrência de doenças em razão do clima mais úmido, com presença de chuvas seguidas de altas temperaturas, que favorecem principalmente a ocorrência de brusone (Pyricularia oryzae) e percevejo-grande-do-arroz (Tibraca limbativentris). A colheita já foi iniciada, porém de forma pontual, se concentrando especialmente na região de Miranda. O estado estima colher 63.6 mil toneladas, recuo de 7,7%.

Em Goiás, a tendência inicial é de aumento na área a ser cultivada em relação ao visualizado na safra passada, alcançando em 24,2 mil hectares. A colheita tem expectativa de 130,8 mil toneladas ou 8,6% a mais.

Região Sudeste

Na Região Sudeste, a intenção é de manter a área cultivada em 10,5 mil hectares, apresentando cultivo nos quatro estados, com maior concentração de área em São Paulo. A produção total deve somar 42,3 mil toneladas.

Em São Paulo, a última safra teve uma considerável infestação de cigarrinha nas lavouras de arroz, algo que pode influenciar no manejo da cultura para esta temporada. Inicialmente, a previsão é de destinação de aproximadamente 8,3 mil hectares para a rizicultura neste ciclo, com mais de 85% dessa área sendo manejada em condição irrigada. 

Em Minas Gerais, o plantio foi finalizado em dezembro, incluindo a semeadura das áreas em sequeiro e irrigadas. As áreas irrigadas são cultivadas em municípios com tradição de cultivo, com obtenção de produtividades mais elevadas. A estimativa total é de 2 mil hectares destinados ao cultivo do cereal nesta safra.

Região Sul

Na Região o cultivo de arroz é quase que totalmente irrigado, apenas um percentual pequeno no Paraná é cultivado em sequeiro. A estimativa é que a área cultivada com o arroz na região seja de 1.139,3 milhão de hectares, representando aumento de 2% em relação à última safra. 

No Paraná, o arroz de sequeiro é uma cultura de subsistência, em processo de constante redução de área, sem utilização de muita tecnologia e área inexpressiva. Plantio finalizado, estando as lavouras, preponderantemente, no estádio de desenvolvimento vegetativo. Já para o arroz irrigado o plantio está finalizado. Mesmo com os bons preços do cereal, houve decréscimo de área. Existe concorrência com soja nas áreas de plantio. A expectativa é de produtividade próxima ao obtido no ano passado e safra de pouco mais de 147 mil toneladas.

Em Santa Catarina, o plantio do arroz já está consolidado em 100% da área. Com a normalização do regime de precipitação, os produtores conseguiram terminar a semeadura. Também em razão da escassez de água, principalmente na região sul, uma parte dos produtores optaram pela semeadura em solo seco, em vez de usar o sistema pré-germinado; essa prática favorece o controle do estabelecimento de plantas daninhas, principalmente o capim arroz, que é controlado a seguir com herbicidas pós-emergentes seletivos. A região Norte de Santa Catarina, que tradicionalmente semeia mais cedo em virtude da colheita da rebrota ou soca, apresenta as lavouras em estádio mais avançado de início florescimento. A área destinada ao cultivo de arroz tem sofrido redução, principalmente em razão de avanço imobiliário. Os catarinenses esperam colher 1.163 milhão de toneladas em 149 mil hectares.

No Rio Grande do Sul a ocorrência de chuvas abaixo do normal durante todo o ano de 2020 reduziu a capacidade das barragens e, consequentemente, a área total semeada, sendo essa condição mais comumente verificada nas regiões Campanha, Fronteira Oeste e Central. Muitos produtores não mantém uma lâmina constante de água, mas realizam a irrigação intermitente, comumente chamado de banhos, o que gera lavouras com maior incidência de plantas invasoras e maiores perdas de nutrientes, culminando em redução do potencial produtivo. Essa prática deve continuar sendo realizada até o final do ciclo da cultura, já que não há expectativa de regularização em breve. 
 

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