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Produção de laranja pode crescer 4%


A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo divulga hoje (28-01) a primeira estimativa para a safra de laranja do estado de São Paulo, maior produtor mundial. As projeções do mercado são de que a nova safra cresça no máximo 4%, devendo se situar entre 330 milhões e 340 milhões de caixas de 40,8 quilos. "Na maior parte das regiões produtoras as chuvas estão favorecendo o desenvolvimento da nova safra", afirma Nelson Martin, pesquisados e coordenador do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Com o aumento da produção, a tendência é de queda das cotações. "Isso porque a safra norte-americana, nos mais altos patamares da história do setor, já está pressionando os preços futuros", diz Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores Cítricos (Abecitrus).

Os Estados Unidos vão colher uma safra de 252 milhões de caixas no período 2003/04, o que significa alta de 24,7% em relação as 202 milhões do ano anterior. A perspectiva de aumento da produção derrubou as cotações da bolsa de Nova York em mais de 20% nos últimos seis meses, "os mais baixos patamares desde 1989", diz Garcia.

Nos próximos meses os preços devem se manter em queda. "As chances de registro de geadas nas regiões produtoras da Flórida já estão descartadas e no Brasil as chuvas estão favorecendo o desenvolvimento da safra nova", comenta o presidente da Abecitrus.

Demanda mundial

Com o aumento de safra, os Estados Unidos vão produzir 108% da necessidade interna, estimada em 1,1 milhão de toneladas por ano. Segundo cálculos de Garcia, deste total o país costuma produzir 900 mil toneladas, importa 300 mil toneladas e reexporta 100 mil toneladas. "Isso porque a cor do suco brasileiro é melhor e eles fazem um ‘blend’ com o produto americano", diz Garcia. No ano passado o consumo nos Estados Unidos caiu 7%, ou seja, 75 mil toneladas. Este volume somado ao incremento de 8% da produção provoca um excedente de 150 mil toneladas de suco de laranja. "Com essa mudança no mercado americano o Brasil perde um cliente e ganha um concorrente", afirma Garcia, que prevê aumento das exportações dos Estados Unidos das tradicionais 100 mil para cerca de 250 mil toneladas este ano.

Na Europa o mercado também recuou no último ano. "A tendência é de queda da demanda da Europa, ainda que os números tenham sido falseados pelo verão excessivamente quente e seco", diz. O continente europeu, que responde por 70% das vendas externas do Brasil, consome anualmente algo em torno de 900 mil toneladas de suco de laranja, dos quais 800 mil toneladas são adquiridas no Brasil.

O segundo maior comprador são os Estados Unidos, com 15%, seguido pela Ásia, que compra 10% do que o Brasil vende no mercado externo. "A queda é geral, com exceção da Ásia, que é um mercado em expansão".

Mercado interno

A saída tanto para os produtores quanto para a indústria de suco de laranja será incentivar o consumo no mercado interno. "O consumo de laranjas no mercado interno é bastante elástico e responde muito bem à queda de preços", diz Garcia. O consumo da fruta pode oscilar entre 50 milhões e 110 milhões de caixas por ano, dependendo da variação dos preços. Este volume coloca o consumo per capita em 30 quilos por habitante por ano, o maior consumo do mundo. Já o mercado de suco de laranja é recente e se desenvolveu ao longo dos últimos dez anos.

"Saímos da escala zero para 300 milhões de litros consumidos no mercado interno em 2003, o que significa um mercado de US$ 450 milhões anuais", diz Garcia. Apesar do aumento da produção, o coordenador do IEA alerta que os níveis dos estoques estão em patamares inferiores aos de 2003.

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