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Produção de nitrogênio líquido no país reduz dependência de fornecedores externos

Planta de produção tem capacidade para gerar 12 litros por hora do insumo



Foto: Claudio Bezerra

A produção de nitrogênio líquido a partir do ar atmosférico já é uma realidade no Brasil. A estrutura recém-implantada dentro de um dos principais bancos genéticos do país marca o início de uma nova fase na conservação de recursos biológicos essenciais para a agricultura e pecuária nacional. A tecnologia promete não apenas ampliar a segurança na preservação de sementes, embriões, microrganismos e tecidos vegetais, mas também reduzir custos operacionais e aumentar a autonomia científica brasileira.

De acordo com informações divulgadas pela Embrapa, a nova planta de produção tem capacidade para gerar 12 litros por hora do insumo, considerado essencial para a criopreservação de material genético em longo prazo. O sistema conta ainda com um reservatório de 500 litros que abastece os criotanques da instituição, garantindo mais eficiência e estabilidade mesmo em momentos de escassez ou falhas no fornecimento externo.

“Com a fábrica de nitrogênio líquido, damos um passo decisivo para garantir a proteção desse patrimônio genético com tecnologia de ponta e eficiência operacional”, destaca Juliano Gomes Pádua, curador da coleção de sementes.

O equipamento foi adquirido com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio de um subprojeto voltado à conservação de recursos genéticos de origem animal, vegetal e microbiana. Além de ter alta confiabilidade, o sistema se destaca pela eficiência energética, tornando o processo mais sustentável e estratégico para a pesquisa agropecuária nacional.

Impacto direto para o produtor rural

Embora voltada à conservação científica, a iniciativa traz benefícios práticos ao campo. O material genético preservado serve de base para o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas, resistentes e produtivas, beneficiando diretamente o produtor rural. Com mais diversidade genética protegida, pesquisadores poderão desenvolver soluções para o enfrentamento de desafios como pragas, doenças e mudanças climáticas.

Segundo o pesquisador Samuel Rezende Paiva, coordenador do programa de Recursos Genéticos, o processo de abastecimento já é feito de forma semi-automatizada, com previsão de se tornar totalmente automático. A equipe técnica está sendo treinada para operar o sistema de forma segura e eficiente, atendendo às necessidades de cada criotanque de conservação.

Autonomia e segurança alimentar

O avanço tecnológico também fortalece a posição do Brasil como referência em conservação genética na América Latina. A produção própria de nitrogênio líquido reduz a dependência externa e posiciona o país com mais autonomia para lidar com possíveis crises de abastecimento, além de abrir oportunidades para parcerias internacionais com foco em inovação e segurança alimentar.

Com essa nova infraestrutura, o país amplia sua capacidade de conservar espécies agrícolas, animais e microbianas de interesse estratégico para o agronegócio e para o futuro da alimentação. A maior demanda de nitrogênio líquido ainda vem da área animal, mas o sistema permitirá crescimento nas três frentes – vegetal, microbiana e animal.

“Essa estrutura reforça a imagem do Brasil como uma das nações com maior capacidade técnica para gestão e conservação de recursos genéticos no mundo”, completa Pádua.

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