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Produtor do MT não tem como escoar a produção

A concentração da colheita no final de fevereiro eleva a demanda por frete


A concentração da colheita no final de fevereiro enche armazéns e eleva demanda por frete. Depois de semanas de chuvas intensas dificultando a colheita de soja, o produtor do Médio Norte de Mato Grosso respira aliviado. O sol brilha há mais de uma semana e as colheitadeiras trabalham intensamente. Surge agora um outro problema na região: a disputa por transporte. Alguns produtores até reduziram o velocidade da colheita porque não têm mais onde estocar. Os caminhoneiros relutam em aceitar a carga porque preferem trafegar em estradas melhores.

As estradas nessa região de Mato Grosso estão em más condições. Por isso, a dificuldade em contratar frete nessa época. Cerca de 30% da soja do estado são plantadas no Médio Norte. "Alguns produtores estão reduzindo a colheita por não terem onde secar e armazenar a soja, que está sendo colhida com maior velocidade", relata o funcionário de uma trading multinacional que atua em Sorriso (MT). Segundo ele, as empresas não estão conseguindo contratar o frete para retirar o produto das fazendas. O funcionário - que atua no setor de comercialização - diz que somente sua empresa tem 18 mil toneladas para serem retiradas de uma propriedade desde o dia 22. Mas, até agora, não conseguiu fazê-lo, por dificuldade de encontrar caminhão.

Para piorar, como já era esperado, o frete subiu. O produtor de Sorriso está pagando 33% mais caro que em janeiro. A situação se agrava na região com a concorrência da safra de soja de Mato Grosso do Sul e de Goiás, que até agora colheram 13% e 31% de suas áreas respectivamente, segundo levantamento da AgRural.

Outro agravante é o alto índice de comercialização antecipada nesta safra em Mato Grosso, que torna mais urgente o escoamento. Segundo levantamento da AgRural fechado em 13 de fevereiro, 66% da safra do estado foram comercializadas antes da colheita, índice que é de 46% para todo Brasil.

O gerente-executivo da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC), Miguel Antônio Mendes, explica que não há falta de caminhões. Em época de pico de safra, cerca de 8 mil unidades trafegam por dia nas rodovias que passam por Mato Grosso. O que ocorre é que os caminhoneiros deixam de pegar serviço em algumas regiões em que as estradas estão ruins. "Mesmo que ganhe menos, ele prefere trabalhar em rodovias que oferecem condições melhores de viagem, o que não é o caso do Médio Norte de Mato Grosso", explica Mendes.

A escassez de caminhões em Sorriso, por exemplo, já fez o frete subir em março 33% em relação a janeiro e, 17% na comparação com fevereiro. Mendes afirma que, além de estar em pico de safra, a alta também se deve às perdas que o segmento de transporte amargou nos anos anteriores. "Por conta da crise na agricultura, não conseguimos repassar a alta dos nossos custos", justifica.

O superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Mato Grosso, Ovídio Costa Miranda, ressalta que, nominalmente, não há déficit de armazenagem em Mato Grosso. A capacidade do estado é para estocar 22,7 milhões de toneladas, mais que a produção de 22,081 milhões de toneladas de grãos prevista para o estado. "O que ocorre é colheita não escalonada. Como choveu muito, a abertura de sol estimulou uma colheita mais intensa", afirma.

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