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Produtores de algodão pedem US$ 650 mi para a nova safra

Sem recursos, Mato Grosso poderá ter redução de até 60% na área plantada


O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Rodrigues da Cunha, estimou que os cotonicultores precisam de US$ 650 milhões para financiamento do plantio da safra deste ano. Só no Mato Grosso, principal produtor do País, a necessidade de crédito é de US$ 340 milhões. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse na manhã de ontem, que o governo pode adotar um sistema de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) para o algodão, como forma de garantir a produção. A medida, segundo Cunha, teria caráter emergencial.

O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gilson Pinesso, está otimista com a possibilidade de o governo federal atender as reivindicações do setor. Ele esclarece que esse financiamento é para garantir os custeios da próxima safra de algodão que deve ser plantada em dezembro. “Essa linha de crédito tem que ser rápida e eficiente”, frisa o produtor, lembrando que, se o governo não disponibilizar o quanto antes, o segmento produtivo deve amargar uma redução de área significativa.

Nas contas dos cotonicultores mato-grossenses a redução pode ficar entre 40% e 60% da área destinada á cultura. “Se isso acontecer, a produção de algodão fica extremamente comprometida no Estado e, conseqüentemente, na exportação da matéria-prima para o mercado internacional, especialmente o asiático”.

Uma fonte do governo lembrou que o algodão é uma cultura de custos elevados em função da logística desfavorável. São necessários para o cultivo de cada hectare cerca de R$ 4,5 mil, considerando apenas os custos variáveis. Para a cultura do algodão, a rentabilidade em julho era de US$ 272,63/hectare, em agosto subiu para US$ 451,49 e, em setembro, US$ 466,25/ha.

Cotonicultores estaduais revelam que apenas 4% das necessidades de recursos para o algodão são cobertos pelo crédito oficial do BB. Portanto, os recursos representam uma parcela insignificante do montante necessário e por isso há a necessidade dos ACCs.

BRASIL - Cunha explicou que nos últimos anos os produtores de algodão financiaram as lavouras por meio de contratos de ACC fechados com os bancos antes mesmo do início do plantio. Esses financiamentos eram pagos posteriormente, após a exportação de parte da produção. Entre 2007 e o início de 2008, a taxa de juros desses empréstimos oscilava entre 8% e 10% ao ano. "A crise financeira internacional resultou numa forte retração na oferta de crédito. Poucas linhas estão sendo oferecidas com juros de 12% a 16% ao ano", afirmou.

O pedido de uma linha de ACC para os cotonicultores foi apresentado ao governo nesta semana, durante reunião do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), com o ministro Stephanes. Para o presidente da Abrapa, as medidas de apoio ao algodão precisam ser definidas pelo governo num prazo de 15 dias.

Por enquanto, a Abrapa prefere não fazer projeções de queda para a área plantada com algodão.

Mato Grosso - Maior produtor de algodão do país, por concentrar cerca de 50% da produção nacional e responsável por 60% das exportações brasileiras, Mato Grosso ainda depende de aporte de R$ 360 milhões para garantir o plantio da safra 2008/09, que começa em dezembro.

A safra estadual de algodão em pluma (07/08) registrou crescimento de 6,41% este ano, saltando de 780 mil toneladas de pluma para 830 mil toneladas devido à boa produtividade, que passou de 250 arrobas por hectare de algodão em caroço para 265 arrobas (crescimento de 6%). O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) já fez os cálculos e chegou à constatação de que a produção poderá ter um recuo de 163 mil toneladas de pluma e que serão necessários investimentos de R$ 2,2 bilhões para a nova temporada.

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