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Produtores de algodão reclamam maior eficiência nos portos nacionais

Alto custo leva à perda de competitividade dos produtores nacionais em relação aos de outras partes do mundo


“É mais caro transportar algodão do Mato Grosso aos portos de Santos e Paranaguá do que desses portos para a Ásia”. A reclamação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha. Segundo ele, o transporte é o maior gargalo enfrentado pelo setor. “Necessitamos de eficiência portuária, o que envolve modernização, para ter custo operacional mais barato”. O alto custo leva à perda de competitividade dos produtores nacionais em relação aos de outras partes do mundo.

O algodão brasileiro, conforme explica o presidente da Abrapa, é produzido na região de Serrado, que envolve o estado de Mato Grosso, Goiás e o oeste da Bahia. A industrialização da mercadoria, entretanto, está concentrada nos estados do Ceará, Paraíba e Minas Gerais. Esse panorama geográfico mostra como o produto é finalizado longe dos pontos finais de escoamento. “90% da produção brasileira está longe do centro consumidor. As rodovias estão em mau estado de conservação e o frete fica muito caro”.

Todo o algodão produzido no País embarca para o exterior pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Cunha se queixa, ainda, da pouca estrutura e investimentos nos portos secos. E critica a precariedade dos sistemas ferroviário e hidroviário, “até quando se faz barragens não se faz eclusas”.

De acordo com ele, os estados da Bahia e do Maranhão poderiam atender o escoamento da carga, mas "não têm know how e precisam ter espaço específico”. Cunha salienta que o algodão é um produto delicado e não pode sofrer dano. Por isso, precisa de espaço isolado e manuseio correto. Outro problema enfrentado pelo setor algodoeiro é a expectativa das rotas dos navios, além do volume mínimo para o transporte.

A produção desta safra será menor do que a passada, uma redução de 20% na área plantada, em razão do alto custo da produção. “O algodão é muito dependente de fertilizantes. Utiliza três vezes mais do que na produção de soja. Como em 2008 houve aumento no preço desse insumo, os agricultores não conseguiram competir com a soja, já que esta apresentou valores mais interessantes no mercado internacional”.

A crise econômica internacional também afetou o setor. Neste caso, foi em função da redução na concessão de crédito aos produtores. “Quando veio a crise internacional, o crédito desapareceu. Como o algodão é um cultivo mais caro, precisa de crédito. Ficou mais fácil trocar a cultura, migrando para soja, do que enfrentar a crise”.

Estatísticas

O ano fiscal de 2008 fechou com 533 mil toneladas exportadas. A próxima safra deverá gerar 400 mil toneladas. O Brasil é o quinto maior produtor mundial e o quarto maior exportador do mundo. Os maiores compradores do algodão brasileiro são Paquistão, Indonésia, Coréia e China. Os estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás lideram o ranking produtivo nacional.

Hoje, entre 700 e 900 empresas são responsáveis pela produção agrícola do algodão nacional. Mas dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam ainda que cerca de sete mil produtores, da agricultura familiar, também participam dessa cultura – a maior parte localizada no Nordeste, a maior parte com baixa produção.

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