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Produtores de aves do Nordeste recebem com frieza abertura para importar milho dos EUA

Para o executivo da associação de Pernambuco, a incerteza é sobre a idade do milho norte-americano


Para o executivo da associação de Pernambuco, a incerteza é sobre a idade do milho norte-americano

Produtores de aves do Nordeste, potenciais compradores de milho dos Estados Unidos após um recente afrouxamento de restrições para a entrada do grão norte-americano, não planejam nenhuma aquisição no curto prazo e avaliam condições de mercado para compras externas do insumo.

Após meses de oferta apertada e altos custos com o insumo da ração, muitos avicultores do Nordeste voltaram-se para as compras de milho argentino, uma vez que o produto norte-americano estava inacessível por restrições de biossegurança.

Na semana passada, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o uso de três variedades de milho transgênico dos EUA no Brasil, o que poderia destravar uma série de negócios de importação.

Mas produtores do Nordeste, em tese os mais beneficiados pela proximidade com os portos norte-americanos, que torna o frete marítimo mais barato, disseram à Reuters que a medida não deve ter impacto imediato.

"Nós já tínhamos fechado vários navios de milho da Argentina antes de sair essa liberação", disse o vice-presidente da Associação Cearense de Avicultura, Marden Vasconcelos.

Segundo ele, granjas do Ceará contrataram a importação de seis navios de milho da Argentina. Duas embarcações já descarregaram, uma atraca esta semana e outras três estão agendadas para novembro, dezembro e janeiro.

O executivo revelou que outros dois navios podem ser contratados para fevereiro e março, o que garantiria o abastecimento local antes da entrada da nova safra de milho do Brasil.

"As tradings que fornecem para nós têm também opções de trazer dos EUA. Com certeza iremos estudar as condições de preços, mas concretamente ainda não temos nada." 

Em Pernambuco, outro grande Estado produtor de aves no Nordeste, também há interesse pelo milho norte-americano, mas apenas para 2017.

"Vamos procurar os orçamentos. A informação é que a Argentina só tem oferta até fevereiro. De março a junho teria que ser milho americano", disse o vice-presidente de abastecimento da Associação Avícola de Pernambuco, Josimário Gomes Florencio.

Segundo ele, os produtores de aves do Estado estão abastecidos até fevereiro, com 15 navios agendados de milho da Argentina. Há possibilidade de aquisição de mais 12 navios até haver nova oferta de milho brasileiro, em junho.

Na Bahia, que costuma consumir milho produzido nas lavouras no oeste do Estado e em Mato Grosso, a previsão de importações é pequena, tendo em vista que os custos do milho nacional e o importado estão semelhantes.

Um navio de milho da Argentina já chegou ao Estado e outros quatro deverão descarregar até o fim do ano.

"Os navios que estão chegando são para as empresas que fazem maior volume, como opção de garantia de abastecimento", disse o presidente da Associação Baiana de Avicultura, Dario Mascarenhas Neto. "No geral, a gente está contando com o abastecimento de Mato Grosso. Assim não precisamos ficar expostos às variações cambiais."

Argentina

O Nordeste já importou 219,9 mil toneladas de milho nos nove primeiros meses do ano, de todas as origens, ante nenhuma importação no mesmo período de 2015, segundo dados do Ministério da Agricultura. 

A região está atrás apenas das importações do Sul, que concentra a maior parte da produção de aves e suínos do país e que tem facilidade geográfica para adquirir milho do Paraguai e da Argentina.

Os parceiros do Mercosul forneceram 99,9 por cento do volume adquirido pelo Brasil no exterior neste ano.

No total, o Brasil importou 1,42 milhão de toneladas de milho de janeiro a setembro de 2016, alta de 532 por cento ante mesmo período em 2015.

As aquisições dos Estados Unidos foram de apenas de 29 toneladas este ano, e desde fevereiro nenhuma entrada de milho norte-americano é registrada.

Segundo Vasconcelos, do Ceará, ainda há muita cautela entre os consumidores de milho sobre os detalhes técnicos do produto norte-americano.

"Lá nos EUA tem muito mais variedades (transgênicas aprovadas). Tínhamos medo de importar e dar problema. Agora, com a liberação da CTNBio, se a condição comercial for a mesma, ainda assim seria mais prudente trazer milho da Argentina", disse ele, lembrando que o país vizinho é um fornecedor habitual e seguro.

Já para o executivo da associação de Pernambuco, a incerteza é sobre a idade do milho norte-americano.

"A preocupação inicial é quanto à qualidade. Eles trabalham com milho armazenado de outras safras", assinalou Florencio.

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