Produtores de Goiás aprovam novos híbridos de maracujá
Os híbridos já podem ser recomendados para cultivo no Centro-oeste
Produtores de Goiás, São Paulo, Paraná, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso e Amazonas, estados em que foram instaladas unidades demonstrativas da pesquisa, já estão colhendo frutos dos três novos tipos de maracujá. "Avaliamos o potencial do material em diferentes regiões antes de fazer a recomendação", explica o pesquisador Fábio Faleiro, da Embrapa Cerrados.
Se depender da avaliação dos agricultores de Cabeceiras (GO), município a 130 Km de Brasília (DF), os híbridos já podem ser recomendados para cultivo no Centro-oeste. Os três tipos de maracujá, plantados por 13 produtores da Coopervila, cooperativa agrícola que reúne 21 agricultores familiares de Cabeceiras, já renderam a primeira safra. O plantio foi feito no final de agosto e as plantas começaram a produzir em dezembro.
A possibilidade de colher a primeira safra poucos meses depois do plantio é uma das características que fazem do maracujá uma cultura apropriada para a agricultura familiar. Os agricultores da Coopervila têm uma área plantada de maracujá de 15 hectares. A abóbora maranhão, cultivada em 80 hectares, é outra fonte de renda importante dos produtores de Cabeceiras.
A unidade demonstrativa com os maracujás desenvolvidos pela Embrapa compreende duas lavouras. A comparação entre as variedades tradicionalmente cultivadas na região com as novidades da pesquisa rende elogios aos híbridos de maracujazeiro-azedo. Para o produtor Alcindo João Grandotto, presidente da Coopervila, as variedades novas têm maior produtividade e ampliam as possibilidades de atingir o mercado.
"As variedades antigas serviam somente para indústria. Agora temos tamanho e qualidade do fruto para comércio in natura e também polpa ideal para a indústria", avalia Grandotto. A produção de maracujá da Coopervila é comprada integralmente pela indústria de alimentos Kraft, proprietária da marca de sucos Maguary. A tonelada do fruto é comercializada a R$550, mas os produtores acreditam que os novos maracujás devem possibilitar um incremento de renda.
Almir Alves Trindade, produtor rural natural de Unaí (MG), mora há seis anos em Cabeceiras. O agricultor salienta que a primeira lavoura de maracujá cultivada na Coopervila exigia mais mão-de-obra e era mais suscetível a doenças como antracnose e virose. "A produção melhorou e sem precisar fazer polinização. Está menos trabalhoso combater doenças também", comenta.
Pesquisadores interagem com agricultores
Os pesquisadores Fábio Faleiro, Nilton Junqueira e Tadeu Graciolli Guimarães, da equipe de fruticultura da Embrapa Cerrados, Herbert Lima, especialista em pós-colheita, e o técnico Deocleciano Lima visitaram a Coopervila no dia 6 de maio para trocar informações com os produtores.
Os produtores da Coopervila, fundada em agosto de 2001, tiveram a oportunidade também de tirar dúvidas sobre adubação e combate a pragas e doenças. Amarildo Paulino, um dos agricultores mais antigos da cooperativa, destacou que a interação com a equipe da Embrapa permite ter acesso a conhecimento prático para o homem do campo. "Quando cheguei aqui tinha uma roça de quatro hectares, hoje são dez. Queremos crescer um pouco mais e o conhecimento é importante".
A equipe da pesquisa salientou que os híbridos BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro Vermelho são resultado de mais de 10 anos de estudos. Para Fábio Faleiro, o ciclo da pesquisa só é completo quando o pesquisador começa a perceber que os produtores estão sendo beneficiados. "A maior alegria do pesquisador é ver que o resultado da pesquisa está chegando a quem precisa", destaca. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Cerrados.