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Produtores do MT não utilizam recursos contra a ferrugem

Os sojicultores não utilizaram a linha do FCO para controle, prevenção e combate


Os produtores de Mato Grosso não utilizaram a linha de crédito emergencial do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) para a prevenção, controle e combate à ferrugem asiática da soja. Disponível desde outubro do ano passado, a linha não registrou nenhuma demanda no Estado, apesar do histórico de forte incidência da doença, principalmente ao sul de Cuiabá.

O prazo para protocolo de cartas-consultas expira no dia 31. A criação da linha foi resultado das mobilizações do setor rural junto à União nos anos de 2005 e 2006, após duas safras marcadas pela perda nos preços da commodity em razão da desvalorização do dólar frente ao real, incidência da ferrugem e elevação dos custos de produção da oleaginosa.

Segundo o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja/MT), Glauber Silveira, um dos motivos foi a burocracia imposta pelo Banco do Brasil, já que as exigências para a obtenção do empréstimo para a ferrugem são basicamente as mesmas de um financiamento comum, via FCO.

O limite financiável é de até 100% do valor do orçamento apresentado, desde que o valor não ultrapasse ao teto máximo de R$ 140 mil por tomador.

Os encargos financeiros e as taxas de juros variam de acordo com o porte do produtor: para mini, a taxa é de 6% ao ano, pequeno e médio, 8,75% e grande, 10,75% ao ano.

“No ano passado, muitos produtores tentaram o financiamento, mas não conseguiram. O BB é engessado nisso e, para renovar o limite do produtor, está demorando até quatro meses”, critica Glauber, que tem 10 mil hectares de soja plantados na região de Campos de Júlio e que não conseguiu acessar ao financiamento no ano passado. “O Banco do Brasil só dá recurso para quem não precisa”.

De acordo com o vice-presidente da Aprosoja/MT, muitos produtores sequer conseguem uma resposta do Banco do Brasil (BB). “Lá [no BB] não há quem analise as propostas. A instituição está ocupada com outras coisas e não está dando atenção ao produtor”, afirmou Glauber, lembrando não conhecer “ninguém que tenha tido acesso aos recursos para o controle da ferrugem da soja” em Mato Grosso.

A Superintendência do Banco do Brasil em Mato Grosso confirmou ontem, por meio da sua assessoria de imprensa, que no ano passado não foram feitas contratações de financiamento para prevenção e controle da ferrugem asiática da soja.

O gerente de mercado de Agronegócio do BB, Olímpio Vasconcelos, explica que a linha segue as normas do FCO e que o acesso aos recursos depende da apresentação de cartas-consultas. “O limite de crédito é geral para todos os produtores. Uma vez aprovado o limite, a liberação dos recursos para a carta-consulta sai em cerca de dez dias. Para se ter uma idéia, passado o tumulto das renegociações das dívidas rurais, temos renovado limites em cerca de 20 dias”.

Olímpio explica que ainda não há qualquer definição ou sinalização do Conselho de Desenvolvimento do FCO (Condel), sobre a manutenção da linha para a safra 07/08. “O que sabemos é que o prazo para concessão do crédito termina no próximo dia 31”.

Os próprios produtores não acreditam que haverá algum financiamento para combate à ferrugem neste ano, já que a colheita da soja entra na reta final no Estado. Segundo dados divulgados ontem pela Agência Rural (AgRural), 69% de uma área estimada em 5,3 milhões de hectares estava colhido até a última terça-feira. (Colaborou Marianna Peres)

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