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Produtores do Paraná ainda deixam milhões no campo


Perdas na colheita reduziram nas últimas safras, mas ainda são significativas em todo Paraná.

Faltando menos de um mês para o início da colheita de soja nos Campos Gerais, os agricultores devem estar atentos à regulagem das colheitadeiras. Embora os números estejam avançando a cada safra, as perdas na colheita mecanizada ainda são um dos fatores de quebra de produtividade de milho e soja para muitos produtores. O agrônomo Osmar Wagner, da Unidade Regional da Emater de Ponta Grossa, lembra que é necessário estar atento a todos os detalhes da máquina para se obter bons resultados.

Osmar lembra que a perda na colheita representa redução nos lucros. Alguns produtores de soja chegam a perder mais de três sacas e meia por hectare, ou seja, mais de R$ 150,00, simplesmente por falhas ou mesmo negligência na hora de colher a produção. O técnico destaca que o produtor deve tomar uma série de providências para evitar prejuízos. As medidas iniciam no plantio, com implantação adequada da cultura. É preciso ainda ter uma condução adequada da lavoura em todos os estágios. Regulagem e manutenção adequada da colheitadeira, para diminuir ao máximo as perdas e melhorar a qualidade é o detalhe final para obter bons resultados. "É preciso ainda investir na capacitação do operador", lembra.

O início da mecanização, ainda na década de 70, trouxe junto o problema das perdas acentuadas. A partir de 1978 a Emater-Paraná começou a desenvolver ações, muitas em parceria com a Embrapa, para reduzir o problema. As atividades passaram inclusive pela realização de concursos, que ainda acontecem em algumas regiões. O objetivo é de motivar operadores de máquinas e produtores a melhorar a eficiência.

Atualmente a metodolo-gia adotada é do "copinho graduado". Em retângulos de dois metros quadrados são retiradas amostras que, colocadas no copinho, dão a dimensão da perda. Amostra-gens feitas em todo o Paraná servem também para avaliar a qualidade da soja colhida.

Na safra passada foram realizados 366 levantamentos sobre perdas na colheita da soja. "Também foram feitos cursos, reuniões, concursos, encontros e outras iniciativas para diminuir as perdas", conta Wagner. Mas os dados levantados não são dos melhores. Os números mostram que as perdas estão acima do limite considerado aceitável. As médias foram de 1,23 saca por hectare. Mas 33% do público assistido pela Emater e 44% do não assistido mostram resultados piores.

Campos Gerais

Na região de Ponta Grossa, segundo Osmar Wagner, foram feitos 19 levantamentos em 4.253 hectares de 10 municípios. A perda média foi de 1,33 saca por hectare. Nas propriedades com assistência os números ficaram um pouco abaixo, em torno de 1,15 saca, enquanto que os não assistidos apresentaram média de 1,54 saca por hectare. A variação é de mais de 1000% entre as amostra-gens. Alguns produtores deixaram apenas 0,3 saca na lavoura, mas houve locais em que as perdas médias chegaram a 3,5 sacas por hectare.

No caso do milho, a Emater comprovou que os números são ainda piores. A média ficou em 1,72 saca. Alguns produtores chegaram a perder, na safra passada, até 3,66 sacas. Mas também foi na cultura do milho que apareceram os melhores números da Região, com 0,13 saca perdida em cada hectare. Foram realizados 13 levantamentos em 961 hectares de 10 municípios.

Evolução

Se forem comparados os números atuais com as perdas do passado é possível afirmar que houve uma evolução significativa na colheita mecanizada. Wagner lembra que nos anos 70 chegava-se a perder até dois sacos de soja por hectare, de média, em cada safra. "E isto com uma produtividade bem menor", salienta. Os números começaram a melhorar a partir dos anos 80, com o início dos treinamentos. Nas últimas quatro safras foi mantido um certo equilíbrio no Paraná. As perdas de produtores assistidos pela assistência técnica, foram de 1,17 saca de soja em 1999; 1,10 saca em 2000 e 1,23 saca em 2002.

Má regulagem de plataforma causa 80% de todas as perdas

Uma má regulagem da plataforma de corte é responsável pelo maior percentual de perdas na colheita, algo ao redor de 80% do total. Outro motivo, segundo os técnicos da Emater, é a velocidade excessiva de deslocamento da máquina e da rotação do molinete. Por conta disso os esforços, neste ano, devem estar centrados nestes dois quesitos. Corrigindo estas falhas, os técnicos acreditam que as perdas podem ser reduzidas em até 50%.

Outra causa apontada para os resultados negativos está ligada ao solo, principalmente quanto ao aspecto de topografia e erosão. Também é destacada a população de plantas na lavoura, época incorreta de semeadura, áreas muito infestadas com plantas daninhas e colheita-deiras com regulagem inadequada. Uma má manutenção, tempo de uso da máquina e falta de habilidade do operador também podem comprometer os resultados.

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