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Produtores esperam aumento no consumo de carne ovina no País

Para o presidente da Aspaco há muitos desafios a vencer na atividade


Dentro de alguns anos, o Brasil pode tornar-se um grande produtor de carne ovina. Hoje, parte da demanda interna é suprida pelas importações, que entre 2005 e 2006, cresceram 48%, de 4,7 mil toneladas para 7 mil toneladas segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Para os produtores, isso indica aumento de consumo.

O presidente da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco) e da Câmara Setorial Especial de Caprinos e Ovinos de São Paulo, Arnaldo dos Santos Vieira Filho, acredita na existência de demanda reprimida. Enquanto em alguns países da Europa o consumo per capta anual de carne ovina é de cerca de 27 quilos, no Brasil é de 700 gramas.

Grande quantidade da carne de carneiro consumida no Brasil vem do Uruguai. No entanto, o selecionador de genética santa inês Fred Bezerra, da Estância Dolly, afirma que o Uruguai envia carne barata, mas sem padronização. “De lá vem muita ovelha, que é animal de descarte”, diz.

Cooperativismo

O setor está se preparando para atender ao aumento da demanda de carne de cordeiro, que vem de animais jovens, com 4 meses a 8 meses e peso vivo de até 40 quilos. Para isso, procuram o cooperativismo, segundo o presidente da Aspaco. Como a atividade é praticamente nova em nível comercial, a saída, explica, tem sido a produção regional, o que dá maior poder de barganha na compra de insumos, na programação das vendas, além de ter padronização, qualidade e escala de abate. “Para encher um caminhão são necessários cem cordeiros”, diz.

O confinamento comunitário é uma tendência, de acordo com Vieira Filho. Ele conta que os núcleos da Aspaco de Bauru, Araçatuba, Fartura, Votuporanga e de São José do Rio Preto trabalham dessa forma.

Integração

Há outras iniciativas, como o programa Rissington, de integração de ovinos. Criado em 2004, em Araçatuba (SP), para a produção de carne de cordeiro, conta com rebanho de mais de 30 mil ovelhas. A genética é feita em quatro fazendas e a multiplicação envolve 50 produtores parceiros de seis Estados. O frigorífico Marfrig compra e distribui a carne.

Segundo um dos parceiros na produção de genética, Fernando Gottardi,para o programa foram adquiridos embriões de uma raça composta da Nova Zelândia. “A meta é vender 1 milhão de cordeiros dentro de dez anos”, planeja, e aponta como vantagens da parceria a garantia de compra e a multiplicação de genética para produção de cordeiros.

Desde 1985, Gottardi cria ovinos suffolk. Tem 400 matrizes. “O suffolk é grande produtor de carne e se encaixa no cruzamento industrial. Dá um choque bom, principalmente de santa inês”, diz. “O cruzamento dessas duas raças dá uma heterose que melhora a qualidade da carne, dá precocidade e bom rendimento de carcaça.”

Dedicação

Embora seja promissora, a ovinocultura requer dedicação e uso de tecnologia. “Quem está esperando trabalhar pouco e ganhar muito dinheiro rapidamente não vai ter sucesso. O milagre não é aqui”, alerta Bezerra, da Estância Dolly. “A criação é rentável, mas o manejo é pouco conhecido e os animais exigem dedicação e suporte técnico.”

Criador de santa inês para genética e corte, Marcelo Leite Vasco de Toledo, da Fazenda Dobrada, em Amparo (SP), aponta gargalos na criação: mão-de-obra, predadores, principalmente cachorros, verminoses e umidade. “Cordeiro novo precisa ser acompanhado de perto”, observa, e diz que o segredo da criação é alimentação à base de silagem, capineira e pasto. Toledo possui 400 matrizes e produz de 600 a 700 cordeiros ao ano.

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