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Produtores recuperam a qualidade do café


Depois de duas safras consecutivas de qualidade ruim, o Brasil voltou a colher um café de padrão superior. A avaliação é de ninguém menos que Ernesto Illy, proprietário da italiana Illycaffè, uma das mais tradicionais indústrias de café do mundo. "O café brasileiro está em um dos seus melhores níveis dos últimos anos", declarou o executivo, que está no Brasil para provar e avaliar os 50 finalistas que participam do concurso de qualidade da empresa.

"Doutor Illy", como é conhecido, lembra que há dois anos o Brasil colheu uma safra muito grande de café, fato que foi prejudicial à qualidade. "A grande carga de grãos por planta fez o padrão do café ficar muito ruim, de tal modo que os grãos estragavam no pé", diz Illy.

Um dos segredos para a produção de um grão de qualidade está na secagem. "Se o grão não for bem seco tem início um lento processo de fermentação, que acaba estragando o café", diz Illy. Tão ruim quanto não secar é elevar demais a temperatura de secagem. "A temperatura não pode ultrapassar 45 graus Celsius".

Além de dar sugestões de produção, Illy lembra que o mercado para o café arábica brasileiro deverá melhorar com a pequena oferta da variedade e o aumento da demanda por parte das indústrias. "Se de fato for confirmada a escassez de café arábica, os preços devem subir e isso será muito bom para todos, já que qualidade é fundamental", diz Illy.

Sobre o aumento do consumo interno no Brasil, que deve fechar o ano em 14,4 milhões de sacas, o executivo acredita que o movimento é importante para todo o mundo, pois incentiva outros países em desenvolvimento a consumir mais café. "Para solucionar a crise do café uma sugestão é aumentar o consumo. Para isso acontecer, temos que melhorar a qualidade e incentivar o consumo exatamente nos países produtores. Se a Índia tiver um consumo per capita semelhante ao brasileiro, faltarão 10 milhões de sacas no mercado", diz.

Assim como a Índia, a Rússia é um outro mercado que tem despertado interesse da Illycaffè. Segundo Illy, o consumo de café naquele país cresce 20% ao ano, enquanto que o consumo mundial não passa de 1,5%. "Estamos fazendo um trabalho de conscientização da classe médica, mostrando que o café, ao contrário do que se pensa, faz bem à saúde", afirma Illy.

Para a empresa, o Brasil representa apenas 0,5% das vendas mundiais, porém detém uma fatia da ordem de 50% do fornecimento de grãos para composição do blend, idêntico em todo o mundo. "No Brasil, compramos a maior parte do café em Minas, especialmente na Zona da Mata, mas a Bahia e o Espírito Santo também são regiões que estão produzindo excelentes cafés e já podem ser consideradas promissoras", afirma.

A empresa finalizou recentemente investimento de € 8 milhões para dobrar sua capacidade de produção anual na Itália. Apesar de produzir este ano 12,5 mil toneladas, a empresa tem capacidade de industrializar 30 mil toneladas de café expresso. "Acreditamos que, em cinco anos, chegaremos no limite da capacidade e precisaremos construir outra fábrica", afirma Illy.

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