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Programa fortalece produção agroecológica em Santa Clara do Sul

Produção agrícola de Santa Clara do Sul passa por uma verdadeira transformação


Desde junho de 2017, a produção agrícola de Santa Clara do Sul passa por uma verdadeira transformação. Foi naquele mês que foi lançado o Programa Santa Clara Mais Saudável, política pública municipal apoiada pela Emater/RS-Ascar, Prefeitura e outras entidades, que define normas e ações para a consolidação de um sistema de produção orgânica no município. São 30 famílias envolvidas no projeto, sendo 13 já certificadas como de produção orgânica, que buscam, por meio da sustentabilidade e do respeito ao meio ambiente, a adoção de um sistema de produção de alimentos livres de agroquímicos.

Ao lado dos extensionistas da Emater/RS-Ascar de Santa Clara do Sul, Sandra Gerhardt e Luiz Bernardi, o responsável pelo planejamento estratégico e pela execução das etapas técnicas da política pública, o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Ivan Bonjorno, destaca o fato de o programa buscar envolver toda a cadeia produtiva de alimentos saudáveis, iniciando na preparação do solo, passando pelo manejo dos cultivos, até chegar aos canais de comercialização. "De lá para cá foram diversas oficinas, reuniões e visitas técnicas, em que temas como manejo ecológico do solo, elaboração de biofertilizantes e diversificação da produção foram trabalhadas com as famílias", explica.

Para o extensionista, o trabalho intenso já rende "bons frutos". A participação em feiras orgânicas em Lajeado e a consolidação de uma feira nos mesmos moldes inaugurada em Santa Clara do Sul no ano passado demonstraram o avanço dessa política pública. "O mesmo vale para a merenda escolar da rede municipal, que atualmente é constituída por 40% de cultivos agroecológicos", observa Bonjorno."É um movimento natural que traz qualidade para a mesa dos munícipes, garantindo ainda geração de renda em um ambiente saudável", reforça o prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch.

Produtores há pouco mais de um ano, o casal Edson Mohr e Joselha Camargo, da localidade de Alto Arroio Alegre, trabalhava na cidade antes de investir em cultivos orgânicos. "A gente tinha a terra, mas não sabia muito bem o que fazer com ela", explica Joselha. Foi por meio do apoio da Emater/RS-Ascar que o casal entrou no programa, iniciando na produção de hortaliças, plantas condimentares e não convencionais, num mix de mais de 50 produtos cultivados. "Sinceramente, hoje a gente quase não vence entregar, tamanha a demanda por esse tipo de produto", avalia a agricultora.

Como filhos de agricultores, o casal sempre teve contato com cultivos considerados mais "naturais", o que tornou o processo um pouco mais tranquilo. "Claro que houve dificuldades, há algumas exigências no manejo, mas nada que não possa ser contornado", pontua Edson.

Beneficiários de outras políticas públicas, como o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), do Governo Federal, e o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar (PGSAF), do Governo do Estado, o casal se diz feliz. "Não é apenas a renda que está em jogo, mas a qualidade de vida e todo o aspecto social que há por trás", avalia Joselha.

O casal Semildo e Isair Alves, de Alto Arroio Alegre, concorda com Edson e Joselha. Produtores de frutas como uva, laranja, bergamota e abacaxi, além de erva-mate, garantem que todos os cultivos têm mercado garantido. "É interessante notar como o público da cidade está mais atento a esse modelo de produção", destaca Isair. Bovinocultores de leite até o ano passado e com um familiar com problemas de saúde, resolveram apostar na adesão ao programa e cultivar alimentos saudáveis, gerando alguma renda. Não por acaso, o excedente de feijão, aipim e batata-doce também "vai pra feira".

Para Semildo, a transição para agroecologia foi um processo natural na propriedade, que possui quatro hectares de área cultivada. "Sem os animais, não precisamos mais produzir milho, o que facilitou o manejo", observa. Para proteger os cultivos, a adoção de cobertura verde, o manejo de plantas espontâneas e o uso de caldas naturais previnem o pomar de doenças. "O resultado disso é o fato de que a gente nunca trouxe uma caixa sequer de laranja para casa, depois de uma feira", exemplifica Isair. "É claro que não é fácil, mas é possível", completa.

Bonjorno ressalta ainda o fato de que as trocas de experiências entre os agricultores, as capacitações e as visitas a outros produtores para conhecer novas realidades tiveram papel fundamental na construção da política pública. A este, outros programas como o que levou pomares orgânicos de frutas para os agricultores de Santa Clara do Sul, com apoio da Embrapa Clima Temperado e da cooperativa Sicredi, têm estimulado a população para que esta ?abrace? este modelo de cultivo. "O resultado de um projeto desta envergadura, tão desafiador, certamente é compensador", finaliza.

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