Quando os preços mundiais do arroz atingirão o fundo do poço?
Produção mundial
Foto: Arquivo Agrolink
Em outubro, os preços mundiais do arroz caíram 3% num mercado que continua afetado pelo excesso de oferta de exportação e a fraca demanda mundial, após a retirada de grandes compradores como Indonésia e Filipinas. Além disso, os importadores esperam mais quedas após as boas safras anunciadas nas principais regiões produtoras da Ásia. As quedas nos preços foram mais significativas na Tailândia e no Paquistão, bem como no Mercosul. Em contraste, a queda foi mais moderada na Índia e, sobretudo, no Vietnã, de apenas 1%. Nos Estados Unidos, os preços permaneceram estáveis em geral, mas tendiam a cair significativamente no início de novembro. Em um ano, os preços mundiais caíram em média 35%, atingindo seu nível mais baixo desde 2015. Prevê-se que a tendência de queda continue, pelo menos até o início de 2026. Além disso, a concorrência entre os exportadores deve se intensificar nas próximas semanas e meses. Cabe perguntar: quando os preços mundiais atingirão o fundo do poço? A Índia, que conta com estoques abundantes, estaria preparando novos contratos com países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático. Também estaria buscando novos mercados potenciais, entre eles o Japão e o México. Atualmente, a Índia representa mais de 40% das exportações mundiais e os exportadores indianos têm como objetivo aumentar ainda mais sua participação no mercado.
Em outubro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) recuou 5,6 pontos, para 177,8 pontos (base 100 = janeiro de 2000), contra 183,4 pontos em setembro. No início de novembro, o índice IPO continuava caindo, para 174 pontos.
Produção mundial
Segundo as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2025 deveria aumentar 1,2%, para 838 Mt (556,4 Mt base beneficiado), contra 828 Mt em 2024. Este aumento reflete as boas safras asiáticas pelo terceiro ano consecutivo. Na Índia, a produção aumentou, apesar das condições climáticas contrastantes. A produção chinesa também se recuperou em 2025. Na África Subsaariana, a produção deveria diminuir levemente em 2025, assim como nos Estados Unidos, onde a produção teria diminuído devido às inundações nas regiões produtoras do sul. Em contraste, no Mercosul, a produção de 2025 melhorou 20% em comparação com 2024.
Comércio e estoques mundiais
O comércio mundial de arroz em 2025 deveria aumentar novamente 3,6%, para 61,8 Mt, contra 59,7 Mt em 2024. Esse aumento se deve principalmente à demanda de importação da África Subsaariana, primeiro polo de importação mundial, onde as compras externas de arroz aumentaram significativamente, de 14% em relação a 2024. Em contraste, a demanda asiática deveria diminuir 3%, como por exemplo nas Filipinas e na Indonésia, cujas importações vão cair consideravelmente em 2025. Por sua vez, a China parece estar voltando ao mercado de importação, aproveitando a queda dos preços mundiais. As primeiras projeções do comércio mundial em 2026 indicam uma diminuição de 1,1% para 61,1 Mt, o equivalente a 11% da produção mundial de arroz.
Os estoques mundiais de arroz, no final de 2025, devem aumentar significativamente de 5,7% para 210,7 Mt. Na China, as reservas podem aumentar 1%, para 102 Mt, respondendo por 70% do consumo interno anual e 50% das reservas mundiais. Na Índia, as reservas terão um forte aumento de 12% devido à melhoria da produção. Os estoques dos principais países exportadores devem atingir 72 Mt em 2025 (35% das reservas mundiais), das quais 52 Mt corresponderiam às reservas da Índia. Em 2026, as primeiras projeções indicam um novo aumento dos estoques mundiais de 2,2%, para 215,4 Mt, ou seja quase 40% do consumo mundial, o que representa um recorde.