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Queda pode chegar a 10%

Crise abala produtores de MT, na medida em que as multinacionais restringem crédito. Falta de dinheiro reduz adubo e a produção


A crise financeira mundial iniciada nos Estados Unidos abalou os produtores mato-grossenses e já ameaça a safra 08/09, cujo plantio está em pleno andamento. Os produtores estão sentindo sérias dificuldades para obter crédito e a previsão é de que haja menos aplicação de tecnologia (fertilizantes) nas lavouras este ano. Resultado: a produtividade vai cair, levando a uma queda também na produção. A produção de soja na safra anterior (07/08) atingiu 17,71 milhões de toneladas e muitos já falam em uma quebra de até 10% (1,77 milhão de toneladas) no próximo ano mesmo com a manutenção da mesma área plantada.

“O momento é extremamente crítico para a agricultura”, define o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), Ricardo Tomczyk.

Segundo ele, neste momento de incertezas – quando as tradings praticamente saíram do mercado e evitam negociar com os produtores – a ordem é “guardar reservas” e focar a atenção no plantio da safra.

Segundo ele, todos os fatores negativos se alinharam neste momento de tendência baixista das bolsas. “Os custos aumentaram, o dinheiro desapareceu do mercado. Commodities baixaram. Tudo conspira contra”. Ele informou que as tradings estão evitando travar as vendas no futuro. “Hoje esse tipo de negócio deixou de ser viável para as empresas do setor. Tanto é que apenas 24% da safra nova, a 08/09, estão vendidas antecipadamente. É bom lembrar que nesta mesma época, em outras safras, mais de 70% da produção já estava travada com as tradings”.

Na avaliação de Tomczyk, mesmo não pagando as parcelas do endividamento, o produtor vai encontrar dificuldades para plantar este ano. “A verdade é que a agricultura necessita urgentemente de uma intervenção do governo federal. O socorro anunciado esta semana – adiantamento de R$ 5 bilhões para custeio via Banco do Brasil – não é o ideal para os produtores, pois não representa acréscimo nenhum, mas apenas a antecipação do que já estava programado para ser liberado. O governo precisa anunciar recursos adicionais”.

A solução, na avaliação do diretor da Aprosoja/MT, é o governo intervir na oferta de crédito, trazendo mais dinheiro para o produtor, com facilidades de crédito para que eles possam acessar os recursos. “O governo deveria ‘irrigar’ as tradings com recursos para que elas possam fazer o repasse ao produtor, pois as empresas estão com dificuldades em obter crédito externo. Elas captam no mercado e o dinheiro simplesmente desapareceu”.

Em relação à queda das cotações, Tomczyk defende também a intervenção do governo federal, no sentido de dar sustentação aos preços, conforme fez no passado, via equalização. “Hoje o resultado da safra já é negativo e, fazendo um cálculo da relação custo/receita, temos um prejuízo de 6% a 8%”.

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