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Rentabilidade com a soja pode chegar a 30%

O ano está sendo difícil, mas no caso da soja o cenário até pode ser uma exceção


Estiagem, crise internacional e queda do dólar. O cenário para a soja cultivada na safra 2008/2009 tinha tudo para ser adverso. No entanto, a realidade que se apresenta é outra: o mercado aponta para a possibilidade de ganhos de até 30% com a oleaginosa, índice pouco inferior aos ganhos de 2008 que chegaram a 40%, mas considerada boa frente a tantos fatos negativos.

O diretor de produção da Safras & Mercado, Flávio de França Junior, não nega que o ano está sendo difícil, mas no caso da soja o cenário até pode ser uma exceção. "Na média, os produtores, mesmo com estiagem e custos de produção mais elevados, têm conseguido resultados positivos na comercialização." Os bons preços oferecidos pela oleaginosa são apontados como os grandes salvadores da lavoura, com as médias de 2009 chegando a R$ 49,60 a saca no Rio Grande do Sul, contra R$ 47,60 a saca na média de 2008.

Não fossem os preços, a situação seria preocupante, já que a produtividade nesta safra foi comprometida pela estiagem. A expectativa era de que se colhesse, em média, 40 sacos por hectare, mas a média ficou em 34,6 sacas. Além disso, essa safra é considerada como uma das mais caras dos últimos dez anos, com os custos de produção elevados puxados, principalmente, pelos preços dos fertilizantes. "A lucratividade se define pelo tripé custo de produção, produtividade média e receita, e essa última é que tem ajudado a manter a rentabilidade", afirmou França Junior. O consultor da FecoAgro Tarcísio Minetto destaca que o cenário é um pouco diferente e argumenta que a grande maioria dos produtores gaúchos saiu prejudicado dessa safra. Para ele, é muito difícil fazer uma avaliação geral do Estado, já que são realidades muito diferentes.

"Realmente, houve produtores com boa rentabilidade, mas outros tiveram perdas significativas em função da seca", argumentou. Minetto confirmou a possibilidade de se obter rentabilidade de até 25%, mas apenas entre os produtores que obtiveram a produtividade esperada de 40 sacos por hectare. Na opinião dele, essa não é a realidade do Estado, já que nas regiões mais afetadas pela estiagem as lavouras tiveram uma queda de até 20% em produtividade.

Minetto destaca que para uma expectativa de colher 9 milhões de toneladas, os sojicultores gaúchos não passaram de 7,8 milhões. Os grandes vilões, segundo ele, foram os custos de produção, já que os preços dos fertilizantes tiveram incremento de mais de 100%. Agora, a desvalorização do dólar frente ao real é outro fator que preocupa. "Os preços na bolsa de Chicago estão bem abaixo do que os praticados em junho de 2008, quando chegou a US$ 16 o bushel. Esse valor não ultrapassa agora os US$ 12", afirma.

Para França Júnior, da Safras & Mercado, o cenário de bons preços para a soja pode mudar a partir de setembro, caso a safra norte-americana apresente os bons resultados esperados. Além disso, a queda do dólar também é outro problema para quem ainda não comercializou a safra. "Observamos que a moeda americana deve se manter abaixo de US$ 1,90, mas não sabemos em que patamares vai parar. É uma situação de nervosismo," acrescentou.

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