CI

Resultados de gestão sustentável são apresentados em Porto Xavier

família Cerri é assistida por meio do PGSAF, coordenado pela SDR e executado pela Emater/RS-Ascar


Quem foi até a propriedade da família Cerri, na localidade de Linha do Rio, em Porto Xavier, na última terça-feira (23/10), teve a oportunidade de conferir e se inspirar nos resultados de uma gestão adequada da propriedade. A família Cerri, que é composta pelo casal Ramão e Dalva e conta com a sucessão de três filhos e uma neta, é assistida por meio do Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar (PGSAF), coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) e executado pela Emater/RS-Ascar.

Além de beneficiários do Programa, participaram integrantes do programa de Ações Socioassistenciais e Assessoramento à Defesa e Garantia de Direitos, desenvolvido pela Emater/RS-Ascar, e do Programa Jovem Empreendedor Rural, coordenado pela Fundação Educacional Machado de Assis (Fema), em parceria com as administrações municipais de Alecrim, Porto Lucena e Porto Vera Cruz. 

Ao visualizar as mais de 120 pessoas presentes no evento, o anfitrião Ramão Cerri destacou ser preciso ?aproveitar oportunidades como esta, para aprendermos uns com os outros?. O vice-prefeito Gilberto Menin afirmou, na oportunidade, que busca-se ?melhor qualidade de vida para os moradores do meio rural, com ações conjuntas entre prefeitura e Emater, contando sempre com aqueles que nos mantêm e dão sentido, os agricultores?. 

Em sua saudação, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Ademir Renato Nedel, reiterou o agradecimento às parcerias, de modo especial à Administração Municipal, que apoia e viabiliza o trabalho da Instituição. ?Nosso objetivo é que as pessoas possam viver cada vez melhor e atender a desafios, como geração de renda e sucessão no meio rural?, afirmou.

Na oportunidade, os participantes conferiram resultados obtidos na gestão da propriedade e da agroindústria, processos de certificação orgânica, sucessão rural, segurança e soberania alimentar, cultura da cana, manejo de solos, adubação verde e produtos para produção de base agroecológica. 

O evento, promovido pela Emater/RS-Ascar e SDR, contou com o apoio da Coopax, que cedeu e preparou o almoço, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da Secretaria de Agricultura, Secretaria de Saúde, Secretaria da Educação e Assistência Social, Banco do Brasil, Sicredi, Lojas Becker e Óticas Elo. 

Manejo da lavoura 

Em três estações, os participantes puderam conferir de que forma são manejados o solo e a lavoura, uma vez que a família assumiu o compromisso de produzir de acordo com os princípios da agroecologia. 

Em estação sobre adubação verde e produtos para a produção orgânica, o assistente técnico regional de Produção Vegetal, Gilmar Vione, apresentou as orientações sobre um solo descompactado e bem estruturado. Na oportunidade, destacou a importância da adubação verde, exemplificando com opções adotadas na propriedade, como o centeio rústico, o nabo forrageiro e a ervilhaca. Para garantir a conformidade orgânica dos produtos, a família não utiliza variedades transgênicas, adubação química, nem mesmo agrotóxicos no manejo dos alimentos que produz. Vione apresentou alternativas como a calda bordalesa, calda sulfocálcica, biofertilizantes, extrato pirolenhoso e homeopatia. 

A relação entre a cultura da cana, que ocupa 13 hectares da propriedade, e o manejo de solos foi reiterada na estação conduzida pelo assistente técnico regional de Crédito, engenheiro agrônomo Fernando Berwanger, e pelo produtor Ramão Cerri. Boa cobertura do solo, descompactação, manutenção da fertilidade e outras práticas conservacionistas foram abordadas. No local, o produtor introduziu neste ano parcelas com cobertura de aveia, nabo forrageiro, tremoço, ervilhaca e um espaço sem cobertura, para que no próximo ano possa medir resultados. 

O processo de certificação de conformidade orgânica, de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi esclarecido na estação coordenada pela tecnóloga em Desenvolvimento Rural, Marita Minetto. ?Quando o agricultor decide produzir alimentos de forma agroecológica, é importante se inserir no sistema de certificação como forma de reconhecimento e de avaliar seu produto junto à sociedade e aos consumidores?, destacou Marita, que também salientou que os sistemas orgânicos de produção melhoram a qualidade de vida de produtores e consumidores, ao mesmo tempo que fortalecem a aproximação entre agricultores e consumidores e as cadeias curtas de comercialização. A família possui certificado de conformidade orgânica da produção de cana-de-açúcar e de açúcar mascavo e faz parte do grupo de ecologistas Renovação. 

Gestão, Alimentação e Bem-Estar Social 

Próximo à residência e à agroindústria, as estações abordaram questões que influenciam na qualidade de vida da família e agregam valor à matéria-prima produzida na propriedade. 

Embaixo das sombras das árvores, em um pátio bem organizado, a assistente técnica regional Social Lisete Primaz falou sobre o contexto de bem-estar proporcionado pela propriedade e o patrimônio financeiro e social construídos no local. O depoimento da filha Valéria Cerri, que também vive na propriedade, destacou como se formaram as condições para a sucessão dos três filhos. ?Recebemos um incentivo muito grande de nossos pais, principalmente com o trabalho na agroindústria, onde cada um tem seu próprio salário. Morar no meio rural também tem as vantagens de um menor custo de vida, o modo de viver é mais saudável e temos mais segurança?, afirmou. A divisão das tarefas é clara e tecnologias foram adaptadas para melhorar as condições de trabalho. 

A forma como se dá a gestão da propriedade e da agroindústria foram abordados pelo engenheiro agrônomo do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar, Odair Puhl, e pelo jovem Guilherme Cerri. Através do PGSAF e de práticas já adotadas e que passaram a ser aprimoradas pela família, buscou-se implantar um sistema de gestão de forma a gerar instrumentos e conhecimentos para projetar, monitorar e avaliar os sistemas de produção de forma sistêmica e assim embasar melhores decisões nas áreas econômica, social e ambiental. 

O contexto de segurança e soberania alimentar, esclarecidos pela assistente técnica regional social Vanessa Gnoatto e pela agricultora Dalva Cerri afirmou-se no local em que a estação foi conduzida: em frente a uma horta diversificada e bem cuidada. Destacou-se o incentivo à produção de alimentos na propriedade como forma de redução de gastos e ganho em saúde e nutrição. A alimentação da família de sete pessoas representa o valor anual de R$ 23.385,52, sendo que os alimentos produzidos na propriedade formam o montante de R$ 16.720,32, ou seja, os Cerri possuem 71% de autossuficiência alimentar.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.