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Reunião na ABMR&A mostra o que a cidade pensa do agronegócio

"Ambos mudaram e precisam ser apresentados um ao outro", diz pesquisador


Na última segunda-feira (25-4), das 13h30 às 17h, o Comitê de Produtos & Serviços ABMR&A - Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio esteve reunido, na sede da entidade, na capital paulista. A reunião foi conduzida por Georlei Haddad, coordenador do Comitê, que falou sobre Abordagem do Marketing - Clientes: a Alma dos Negócios, e pelo suplente Leo Togashi. Segundo Georley Haddad, o Comitê está integrando cadeia diversificada de empresas e serviços e "traz discussões pertinentes ao marketing do agronegócio através de palestrantes convidados, com foco no tema apresentado, além de debater assuntos de interesse comum, sempre falando do marketing como ferramenta viltal para os resultados de qualquer negócio", explica Georlei.

O palestrante do dia foi José Luiz Tejon, jornalista e empresário que, dentro do tema desafios do Agribusiness para os próximos 10 anos, falou sobre os resultados da pesquisa As Percepções da Cidade sobre o Campo - o Mundo Real e o Agronegócio, realizada pelo Núcleo de Estudos do Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM, São Paulo/SP), com o Centro Avançado de Estudos da ESPM (CAEPM), coordenada pelo próprio Tejon e Coreolano Xavier.

A pesquisa foi realizada na capital paulista, com com 250 pessoas pertencentes à Classe C ascendente - homens entre 30 e 40 anos e mulheres entre 25 e 35 anos, com renda familiar mensal de cerca de R$ 2.200,00 - e Classe AA - com pessoas desde o ensino superior incompleto, até mestrado, 40% mulheres e 60% homens, com idade média de 33 anos, 90% dos entrevistados tem renda mensal acima de R$ 8.000,00.

Segundo a pesquisa, com relação à Classe C, não é mais necesssário explicar o que é agronegócio, pois a definição dada por este grupo é considerada perfeita: "é toda atividade gerada no campo" e que o agronegócio para o cidadão urbano remete claramente à tecnologia, inclui indústria e comércio. Também há visão da cadeia produtiva: "o que se produz no campo, o que já foi plantado e transformado até chegar à mesa" do cidadão urbano. De acordo com Tejon, também foi mostrado o bom nível de informação com relação à agroenergia: " o agronegócio vai gerar emprego, riquezas, desenvolvimento, pesquisa, não só desenvolvimento local, é como o biodiesel que nós temos .. o nosso é diferente dos Estados Unidos!"..

Porém, o agronegócio é, ainda, afastado do cotidiano do morador das grandes cidades, pois de acordo com a pesquisa, não é assunto que se conversa num bar, pois as pessoas estão mais focadas em outras situações consideradas "mais prioritárias aqui da cidade". Na hora de assistir o jornal na TV, "eu quero ver o trânsito, as coisas que infleunciam meu dia a dia, eu não quero saber da vaca, do boi ...".

Um ponto positivo destacado pela pesquisa é a percepção da expressão "produtor rural". A Classe C o associa ao trabalho e conhecedor desse trabalho: "é conhecedor do produto, tem que por a mão na massa, tem que ter conhecimento". Por outro lado, observou-se ponto positivo no que diz respeito à atuação do MST - Movimento Sem Terra -, sob alegação de que foi válido no passado, mas que, hoje, está desvirtuado: "...é um movimento que quando foi criado tinha um fundamento, já foi mais sério, hoje é político, é ilícito".

A agricultura familiar, segundo Tejon, é muito bem vista, "com lembranças de parentes e do passado desse cidadão urbano". O biocombustível também é visto positivamente: "é tirado da natureza sem agredir, é o combustível ecologicamente correto". Já com relação aos agrotóxicos, de acordo com as explicações de Tejon, "contam com duas faces de uma moeda, por uma lado ouvimos são venenos para combater as pragas e, por outro, há associações de uso de defensivos para deixar frutas e verduras mais viçosas e ter mais lucro".

Tejon esclarece que a pesquisa com a Classe C revelou que há uma associação positiva dessa pujança, progresso e de futuro com a própria autoestima dessa nova classe urbana emergente. Que se trata de algo bom para o nosso futuro, explica ele, mas que está ainda distante do cidadão "o agronegócio está em todo lugar... mas é pouco visto". Já a associação negativa refere-se ao meio ambiente e à sustentabilidade que, ainda, são associados de maneira negativa ao agronegócio.

Para a Classe AA, revela a pesquisa, a agricultura e a indústria são consideradas as atividades econômicas mais importantes, mas uma boa parte (25% dos entrevistados) afirma ser imposível separar indústria, de agricultura e de serviço. O conceito de agronegócio foi definido corretamente por 69% dos entrevistados: "agricultura e todas atividades relacionadas a ela desenvolvidas empresarialmente" e há consciência de que sem o agronegócio o Brasil não teria condição de alimentar a sua população urbana (79,2%), como também de que o agronegócio permitiu o barateamento do preço dos alimentos na mesa da população (63,6%).

Para 58,5% dos entrevistados da Classe AA o Brasil é tão grande que há espaço para toda a diversidade e tipos de produtores rurais - agronegócio, agricultura familiar e comunidades indígenas e tradicionais, como quilombolas. A dualidade também existe com grande concordância para setores que respeitam o meio ambiente versus outros que depredam, 84,4%. Já 83,% concordam que, hoje em dia, o agronegócio oferece muitas perspectivas de emprego na agricultura (agrônomo, veterinário, gerente agrícola, etc) e para 74% o agronegócio oferece muitas oportunidades no setor de pesquisa, desenvolvimento de produtos e marketing. Finalmente, 66,3% afirmaram nunca terem pensado no agronegócio como possibilidade de carreira.

A conclusão, segundo Tejon, entre as pessoas entrevistas das duas classes sociais, existe conhecimento sobre agronegócio, não há necessidade de gastos com campanhas para explicar o setor. A importância do agronegócio é reconhecida, porém, ainda há um distanciamento, falta comunicação. Mesmo sabendo, as pessoas desconhecem o que representa um grande espaço para pesquisas mais profundas e para a ação da comunicação do setor com a população urbana brasileira.

A sustentabilidade ainda é uma área nebulosa, ainda há uma imagem de progresso e manchas, há carência no que diz respeito à educação, mas com uma sinalização de início positivo para a camada AA. A imagem do produtor rural é positiva e há espaço para todos no campo. A pujança, o progresso, o desenvolvimento do novo interior conecta-se com a velocidade da nova classe ascendente (Classe C).

Para Tejon, a contribuição da ESPM ao introduzir o fundamento da pesquisa de mercado para avaliar a percepção do agronegócio brasileiro na cidade, já revela novidades de consciência, correções de imagem vitais em ângulos como sustentabilidade, latifúndio e conexão entre oportunidades reais de emprego versus opção profissional.

E conclui: "falta uma justa apresentação da nova classe média emergente brasileira e a nova classe produtora do agronegócio brasileiro. Ambos mudaram extraordinariamente e precisam ser apresentados um ao outro. A cidade não conhece como deveria conhecer o campo, e o campo também não conhece a cidade, apesar de um viver com e dentro do outro".

Mesmo assim, diz ele, pode-se considerar que a mídia tem feito um bom trabalho, pois o que a Classe C emergente conhece sobre agronegócio é devido a esse trabalho de informação".

A próxima meta é estender a pesquisa também à Classe B e realizá-la em mais cinco capitais, considerando, aí, o Centro-Oeste. Serão entrevistadas 1250 pessoas, sendo 250 em cada cidade.

As informações são da assessoria de imprensa do Grupo Publique.

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