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RS: família altera horários de ordenha e facilita a mão de obra no leite

A bovinocultura leiteira vem passando por uma crise nos últimos anos


Foto: Divulgação

A bovinocultura leiteira vem passando por uma crise nos últimos anos, com diversas famílias abandonando a atividade, e a mão de obra exigida na atividade tem sido um dos principais problemas enfrentados pelos produtores. Em Serafina Corrêa, ainda em maio de 2019, foi realizado um Encontro Municipal de Bovinocultores de Leite e nele os produtores a elencaram, junto dos custos de produção, como a maior dificuldade enfrentada por eles para se manter ou investir na atividade.

"De acordo com os produtores, o fato de ter sempre o compromisso de madrugar para ordenhar cedo pela manhã e à tarde, sem férias e finais de semana, acaba tornando a atividade menos atrativa aos jovens e dificultando a sucessão familiar, além de afetar a motivação das famílias em permanecer produzindo leite", explica o engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater/RS-Ascar.

De lá pra cá, com esse diagnóstico, a equipe da Emater/RS-Ascar passou a buscar formas de auxiliar essas famílias a tornar a atividade menos penosa e facilitar o seu dia a dia. Uma das proposições da Emater/RS-Ascar veio em discussão com o Grupo de Pesquisas em Ecologia do Pastejo da Ufrgs, através do professor Paulo Carvalho: a alteração dos horários de ordenha.

Ebert conta que a proposta inicialmente visava apenas aumentar o consumo de pasto nos horários em que ocorrem os picos de pastejo (nascer e pôr do sol), mantendo os animais no pasto nesses horários, alterando o manejo tradicional, onde, justamente nesses horários se realiza a ordenha. "Entretanto, o que acontece como consequência é que, além desse benefício de consumir mais pasto, os horários acabam ficando melhores para a rotina e o trabalho da família", ressalta.

A família Silvestrin, que é uma Unidade de Referência em produção de leite da Emater/RS-Ascar no município, foi a primeira que aceitou a proposta de alterar os horários de ordenha. Eles faziam a da manhã por volta das 5h30 e a da tarde às 16h30 e com a alteração passaram a recolher as vacas do pasto onde passaram a noite para ordenhar somente às 8h, deixando tempo para elas pastarem antes da ordenha, ao nascer do sol. À tarde, fazem a segunda ordenha às 16h, soltando logo depois das 17h para que pastem ao pôr do sol, permanecendo no pasto durante toda a noite para pastarem ao nascer do sol do dia seguinte.

De acordo com a produtora Ana Lice Silvestrin Martins, nos primeiros dias de alteração, a partir do final de setembro, foi preciso acostumar as vacas, mas depois de algumas semanas, elas se adaptaram à nova rotina. "Quando a gente olha de manhã cedo, elas estão lá pastando no piquete e, por volta das 8h, quando a gente vai buscar, elas já levantam e esperam a gente pra vir pra ordenha, então elas se adaptaram muito bem", destaca.

Com essas mudanças, a produtora explica que, ao contrário do que se imagina, não teve queda na produção de leite e agora ainda dá tempo até de levar as filhas para pegar o ônibus para a escola, antes de iniciar o trabalho da ordenha, o que antes, no horário tradicional de ordenha, era impossível. De tarde, ordenhando mais cedo, ela também conta que, por volta das 17h30 ela já terminou o serviço, as vacas já estão no pasto e ela pode ficar em casa. "Tá melhor do que eu pensava", relata a agricultora.

A família participa do Projeto Elite a Pasto com a Emater/RS-Ascar em Serafina Corrêa, que visa desenvolver um sistema de produção de leite que permita viabilizar a atividade leiteira para pequenas e médias propriedades com uso de pastagens, e essa é uma das técnicas que tem sido proposta nas propriedades para isto.

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