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Rússia exclui Brasil em revisão de cotas de carnes


Em mais um "round" da batalha que envolve o segundo maior exportador mundial de aves e o segundo maior importador mundial, a Rússia tenta nocautear o Brasil. Em sua revisão anual de cotas de importação, a Rússia não incluiu o Brasil, importante fornecedor de frangos e suínos para aquele mercado. "A Rússia está tratando o Brasil com descaso", diz Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (Abef).

O conflito entre os dois países começou no fim de 2002, quando a Rússia resolveu impor cotas às importações de frangos e suínos, para entrarem em vigor em maio de 2003. No caso das aves, as cotas foram estabelecidas de acordo com a origem das vendas. A base de cálculo para as cotas foi o desempenho das compras russas nos anos de 1999, 2000 e 2001. "O Brasil se sentiu prejudicado porque em 1999 as vendas para a Rússia foram em pequeno volume", diz Martins. Com isso, a cota para o Brasil para o período de maio a outubro de 2003 foi de apenas 33 mil toneladas de frango, em comparação com as vendas de 296 mil toneladas realizadas em 2002.

Mercado global

As 33 mil toneladas somadas ao desempenho entre janeiro e abril colocam as vendas brasileiras em 164 mil toneladas até outubro. No caso dos suínos a cota não levou em conta a origem das compras e foi estipulada em 450 mil toneladas para o mercado global no mesmo período. O Brasil, neste ano, respondeu por 83% dessa cota, vendendo 217 mil toneladas de suínos à Rússia entre maio e outubro, volume, entretanto, 42% menor que as vendas de 2002, que somaram 377 mil toneladas.

Critério alterado

Agora a Rússia mudou o critério de cotas e ignorou o Brasil. Pela nova proposta, no caso das aves, os Estados Unidos terão uma cota de 772 mil toneladas, a Europa de 210 mil toneladas o Paraguai de 5 mil toneladas, sendo que o Brasil terá que disputar com outros países a cota destinada a "outros", no volume de 68 mil toneladas. A mesma situação vale para os suínos, mas em volumes diferentes.

"O Brasil tem de se posicionar contra isso rapidamente. As novas cotas valerão a partir de maio de 2004 e seriam definidas em fevereiro, mas fazem parte da ordem do dia", diz Martins. Segundo o executivo, o Brasil pode se opor ao ingresso da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC), uma vez que a votação para ingresso de novos membros deve ser unânime e também pode solicitar uma reunião de emergência com a Comissão Intergovernamental Brasil Rússia de Cooperação Econômica para que o assunto seja discutido. "É importante ressaltar que o Brasil precisa estar atento à manutenção do equilíbrio da balança comercial com a Rússia. Afinal para cada US$ 1 que o Brasil importa, exporta US$ 5,5 para a Rússia", diz o executivo.

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