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Saem recursos para estocagem de milho


Nova linha de crédito para produtores, cooperativas e agroindústrias terá juros de 8,75% ao ano. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou extraordinariamente ontem as medidas de apoio ao milho safrinha e ao sorgo. O governo aumentou o limite de financiamento do custeio e também criou linha de crédito para a estocagem. As ações eram esperadas desde 30 de janeiro, quando ocorreu a última reunião mensal do CMN. O próximo encontro do conselho está marcado para o dia 27, quando devem ser apreciadas ações para o trigo e a comercialização de máquinas agrícolas.

A primeira reunião do governo com o setor produtivo foi em 6 de janeiro e a partir dessa data foi formulado o voto encaminhado ao conselho. Porém, na reunião mensal, os membros do CMN pediram maiores detalhes sobre a medida. Há 15 dias, técnicos do Ministério da Agricultura encaminharam nova proposta. As medidas foram anunciadas ontem pelo ministro Roberto Rodrigues, na reunião do Fórum Nacional dos Secretários de Agricultura.

Cultivo encerrado

"Está tarde", admitiu o ministro. Em muitas regiões do País o cultivo encerra-se no final deste mês, com possibilidade de, no máximo, chegar a 15 de março. Por isso foi considerada mais importante pelo setor a criação da Linha Especial de Crédito à Comercialização (LEC) e não o aumento do custeio. "Muitos produtores já tomaram crédito para o plantio", diz Pedro Arantes, assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg).

A linha será destinada a produtores, cooperativas e agroindústrias para que seja feita estocagem do grão, a juros de 8,75% ao ano, e preços próximos aos de mercado. Hoje, só havia os Empréstimos do Governo Federal (EGFs), cuja base era o preço mínimo de R$ 9,50 para o Sul e Sudeste. Agora, o valor de referência será de R$ 18 a R$ 13 a saca de milho, conforme o faturamento anual do tomador do empréstimo.

O CMN autorizou também o reajuste de 60% no limite para custeio do milho, passando de R$ 250 mil para R$ 400 mil para o milho de sequeiro e de R$ 300 mil para R$ 480 mil o irrigado. No caso do sorgo, o valor foi dobrado de R$ 150 mil o sequeiro e R$ 300 mil o irrigado.

Clima favorável

O secretário de Política Agrícola do ministério, Ivan Wedekin, acredita que, com as medidas, o preço do grão será bom e se houver clima favorável, a segunda safra de milho pode chegar a 8 milhões de toneladas. "Estou otimista que a safrinha vai compensar os problemas de abastecimento", disse Rodrigues.

No pacote consta ainda a inclusão apenas do sorgo no zoneamento agrícola, desde que o produtor pague prêmio de 5,5% para a contratação.

Queda em Goiás

"Não é justo que o produtor rural arque com o risco sozinho", protestou Carlos Augusto Albuquerque, assessor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Para ele, por conta de as medidas terem sido lançadas muito depois de o agricultor ter tomado a decisão de plantar o milho, o governo deveria ter incluído o grão no zoneamento, uma vez que muitos vão cultivar tardiamente. Em Goiás, por exemplo, estima-se uma queda de 20% na superfície cultivada devido à escassez de área pois a colheita de verão está atrasada.

Futuramente, o governo federal deve ainda lançar contratos de opção de venda para dois milhões de toneladas de milho e 600 mil toneladas de sorgo, com vencimento de junho a setembro deste ano, envolvendo recursos da ordem de R$ 800 milhões. As opções deverão sair em março, com preço da paridade exportação.

O CMN autorizou ainda a realização de operações de Aquisição do Governo Federal (AGFs) de sorgo no Centro-Sul do País. É intenção do governo, segundo o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Amauri Dimárzio, recompor os estoques que estão praticamente zerados.

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