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Safra futura de algodão já está 50% vendida

A cotonicultura vive um período de boas notícias como não se via há anos


O algodão vive um período de boas notícias como não se via há anos: a safra do produto em pluma será recorde, com 1,3 milhão de toneladas, um crescimento de 29% na produção; a área plantada deve aumentar 20,8% (1,03 milhão de hectares), na previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços que já estavam em alta no ano passado, continuam a subir; e a demanda não pára de crescer.

As previsões são de que não haverá reversão desse cenário. Até dezembro já haviam sido negociadas 715 mil toneladas de algodão que será colhido na próxima safra. O aumento da demanda mundial, que promoveu a elevação dos preços internacionais, aliada à perspectiva de um clima favorável para a próxima safra, é um dos responsáveis pelo crescimento da produção.

Para o superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, o aumento da produção de algodão é benéfico para todo o setor. “Todas as grandes potências têxteis devem ser potências nos seus insumos também. Além disso, a oferta do produto no País facilita a logística e ajuda a equilibrar os preços internacionais”, diz.

Contratos até 2010:

A comercialização antecipada já resultou em contratos de vendas até 2010, e esse mercado está atrelado às exportações. “Hoje, o produtor está negociando a 59,60 centavos de dólar por libra-peso o algodão que vai ser vendido em 2010, garantindo uma margem para ele, o que traz uma tranqüilidade ao setor”, afirma o presidente da Unicotton e membro do conselho executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Luiz Pessa.

Os contratos futuros são estimulados pela indústria têxtil, que costuma antecipar suas compras, e pelo mercado de insumos que negocia com os produtores a venda de defensivos para receber em troca parte da produção. “Empresas como a Syngenta e a Monsanto vendem o herbicida antecipadamente e em troca recebem o algodão que é automaticamente repassado para empresas internacionais através de tradings”, diz o analista da consultoria Safras & Mercado, Miguel Biegai.

Cerca de 60% da produção brasileira está comprometida para exportação e essa porcentagem deve aumentar gradativamente já que o consumo do parque têxtil brasileiro gira em torno de 600 mil toneladas e mostra estabilidade. “A tendência é que o produtor busque novos mercados lá fora”, diz Pessa.

China, Tailândia, Paquistão e Bangladesh estão entre os principais compradores do algodão brasileiro. O Brasil ocupou um nicho deixado pela Austrália, um dos maiores produtores mundiais, que enfrentou duas quebras de safra seguidas.

“O produtor tem agora na venda antecipada uma importante ferramenta no custeio da produção”, afirma Pessa. Ele revela que atualmente os produtores são orientados para não iniciar nenhuma safra sem garantir que 50% das vendas sejam efetuadas, o que evita excesso de produção e baixa remuneração.

Pessa acredita que a estimativa da Conab é real devido à quantidade de insumos já adquiridos pelo setor. “O investimento feito em insumos é alto, utiliza-se quase um quilo de fertilizante por hectare, e depois que os defensivos já foram comprados é muito complicado migrar para outra cultura”, diz.

Miguel Biegai acredita que os números da Conab podem estar superestimados. “Em novembro, o preço da soja e do milho, que são commodities concorrentes em área, se recuperou e o preço do algodão recuou, o que pode ter desestimulado parte dos produtores”, analisa.

A Conab, que irá leiloar no dia 16 seu estoque de 61,2 mil toneladas, acredita na manutenção da alta nos preços e informa que deve vender o produto por um valor acima do preço mínimo.

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