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Setor de carnes fecha o ano no aperto no Paraná

A crise da aftosa está fazendo o setor de carnes fechar as contas com números bem abaixo dos esperados


A crise da aftosa – comercialmente em vigor – está fazendo o setor de carnes fechar as contas de 2006 com números bem abaixo dos esperados no Paraná. As exportações foram cerca de R$ 580 milhões inferiores por causa das restrições sanitárias impostas por 56 países, segundo o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados, o Sindicarnes.

A expectativa de que as barreiras internacionais caíssem em outubro, quando o estado foi declarado livre da febre aftosa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), não se confirmou. “As exportações seguem rendendo R$ 1 milhão a menos por dia”, afirma o economista Gustavo Fanaya, analista do Sindicarnes.

O setor se obriga a vender a produção ao mercado interno, a preços inferiores aos praticados em 2005. A queda acumulada nos preços chegou a 40% entre maio e junho na carne suína, setor mais prejudicado. Nos últimos meses, os números tiveram fases positivas, mas a tendência de alta ainda é considerada pouco inconsistente.

A queda nos valores das exportações vem da comparação dos números atuais com as médias dos primeiros nove meses de 2005 – anteriores à confirmação da suspeita de aftosa no Paraná. O Sindicarnes analisou os números das exportações de bovinos, suínos e frangos.

No acumulado de outubro de 2005 a dezembro deste ano, a redução nas exportações deve atingir R$ 730 milhões, conforme o Sindicarnes. Os principais importadores, 56 ao todo, mantêm embargos à carne paranaense. As exportações deste ano devem ficar em R$ 21 milhões no setor de bovinos e em R$ 44 milhões no caso da carne suína.

Em relação ao frango, os cálculos do sindicato se restringem à Rússia, que recebia também um terço da carne bovina e dois terços da suína exportadas pelo Brasil.

O governo e os representantes dos produtores bem que tentaram reduzir as perdas. Há um mês, uma comitiva foi Florianópolis conversar com o governo catarinense, que está barrando carne com osso do Paraná. Santa Catarina prometeu avaliar a situação, mas por enquanto mantém seu posicionamento. O estado vizinho também sofre com as barreiras impostas pela Rússia, apesar estar em condições de reivindicar o certificado de área livre da aftosa sem vacinação junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE).

Houve ainda tentativa de negociação com o governo gaúcho, mas Porto Alegre não vem aceitando nem marcar reunião. A resistência é considerada indevida pelo governo do Paraná, uma vez que o Rio Grande do Sul também controla a doença com vacinação, mas impõe mais restrições do que Santa Catarina. Porto Alegre diz que está protegendo seu rebanho.

Há duas semanas, a comitiva paranaense foi a Brasília, para apresentar a embaixadores dos países importadores dados sobre o controle sanitário do estado. Mais de 20 países receberam relatórios a respeito das medidas sanitárias de fiscalização e prevenção da aftosa. A esperança é que os diplomatas repassem os dados às autoridades sanitárias de suas nações e que não haja mais bloqueio a contratos com exportadores brasileiros.

Depois dessas tentativas de reaproximação, o quadro segue praticamente inalterado. Há uma semana, a Rússia suspendeu o embargo à carne termicamente processada, gerando grande expectativa no setor. No entanto, o volume de carne paranaense que passa por processamento térmico é insignificante, avalia o Sindicarnes: 0,4%. A cada 250 quilos de carnes disponíveis à exportação, apenas um pode ser vendido aos russos.

Enquanto mantém embargo parcial ao Brasil, o país investe na produção interna, reduzindo o de seu mercado interno interesse nas importações.

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