CI

Siderúrgicas ameaçam investir menos se preço do aço for controlado


O setor siderúrgico, que está utilizando quase toda a capacidade instalada, pode adiar investimentos na ampliação da produção caso o governo pressione pela redução dos preços. O presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), José Armando Campos, mandou o recado ao comentar a reunião que terá hoje (11-03) com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que está preocupado com a alta de preços do aço e do ferro-gusa.

Lembrando que empresas do setor estão perto de decidir investimentos para aumentar a capacidade de produção, que são de longo prazo, Campos disse: “Como vamos decidir isso se o próprio consumidor (de produtos siderúrgicos) pede controle de preços? Se eu fosse acionista, que eu não sou, diria que não vou investir, vou esperar".

Ele disse que prefere correr o risco do mercado, “a ter alguém que não é do setor decidindo preço". Para o presidente do IBS, “os setores consumidores estão dando um tiro no pé ao pedir controle de preços ao governo". Ele afirmou que a inflação era alta quando o governo fazia controle de preços. O novo secretário de Desenvolvimento da Produção, Carlos Gastaldoni, rebateu a ameaça de Campos. "Se houver espaço, é evidente que o setor siderúrgico vai investir", disse. "Se o setor não investir, alguém vai; se a demanda está crescendo e a produção não, alguém vai tomar este mercado", disse. Ele afirmou que, do contrário, o País terá que importar mais.

O presidente do IBS disse que os preços do aço estão subindo porque a demanda internacional e doméstica está crescendo e os preços do aço no mercado internacional também. "Isso é igual a açúcar, suco de laranja, ou qualquer coisa que se exporta, são vasos comunicantes", disse o executivo sobre o aumento nos preços do aço no mercado interno.

Segundo Campos, o aço brasileiro é um dos mais baratos do mundo e existem empresas que estão perdendo de US$ 80 a US$ 100 por tonelada porque dão prioridade ao mercado doméstico. Ele afirmou que as empresas que fazem isso consideram que o mercado doméstico "é o que remanesce quando há crises internacionais", e obedecem a um princípio do IBS de que o foco da siderurgia é no mercado interno. De acordo com o Instituto, não há falta de aço no mercado brasileiro e o estoque em algumas distribuidoras está até aumentando.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.