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Silagem de mandioca melhora a alimentação do gado bovino e reduz custos

A mandioca é pouco exigente em fertilidade de solo e tolera períodos de seca, sendo uma boa alternativa para substituir o milho e o sorgo



Em Brasília de Minas, no Território Norte, o que antes era jogado fora hoje é alimentação para o gado. Os pequenos produtores rurais do município aprenderam, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), a aproveitar integralmente a mandioca, incluindo sua parte aérea (ramos que ficam acima do solo).

A técnica tem gerado economia para os produtores e mais qualidade para a alimentação animal. “O cultivo da planta já era tradicional no município, principalmente para produção, em pequena escala, de farinha e polvilho. Porém, a parte aérea, manivas e folhas eram desperdiçadas após a colheita das raízes”, explica o extensionista agropecuário da Emater de Brasília de Minas, Manoel Milton de Sousa.

Uso da mandioca na silagem

De acordo com informações da Agência Minas Gerais, devido à sua rusticidade, a mandioca é pouco exigente em fertilidade de solo e tolerante a períodos de seca, e, por isso, é uma alternativa também para a substituição do milho e do sorgo na Região Norte do estado, aumentando a oferta de alimentos.

O trabalho da Emater começou em 2015 e teve sucesso na cidade, com adesão de praticamente todos os produtores rurais. “A parte aérea da planta é transformada em feno e silagem. A rama, até então, era descartada ou usada apenas para multiplicar a espécie. A raiz também vira raspa. E o processo é simples, a silagem é feita da mesma forma das demais, e para produzir o feno basta desidratar esta parte”, afirma Sousa. A Emater presta assistência ao produtor do plantio até o processamento final de sua produção.

Maior produtividade

O produtor rural Valdir Ferreira já plantava mandioca em pequena quantidade para produção de farinha. “Eu tinha um hectare, e agora são quase quatro, porque utilizo para produzir feno e silagem para o gado. Esse ano quase não precisei comprar alimento para os animais. Foi tudo com o que produzi a partir da mandioca, é uma economia muito boa”, relata. “As vacas engordaram e produzem mais. Cada cabeça não chegava nem a dez litros aqui. Hoje, tenho vaca produzindo quase 17 litros de leite”, diz.

No primeiro ano do projeto, a Emater-MG enviou uma amostra para uma análise bromatológica da silagem produzida, que apontou um percentual de 12,6% de proteína bruta. Índices elevados em comparação com o sorgo e o milho, que variam entre 8% e 10% desta proteína. Assim, o projeto reflete, ainda, na melhora da nutrição animal na região.

Valdir abraçou tanto a ideia que abriu as portas de sua propriedade, que virou uma unidade demonstrativa do projeto. Lá estão sendo feitos testes com três variedades da planta para avaliar qual tem melhor potencial para o Norte de Minas. “As três têm características diferentes e parecem estar se desenvolvendo bem. Em abril, colhemos e faremos as avaliações”, explica o extensionista da Emater.

Palma forrageira é alternativa

Outra opção para complementar a alimentação do rebanho bovino no Norte do estado, principalmente em tempos de seca, é a palma forrageira. Sem depender diretamente da chuva, a planta serve de alimento para bois, cabras e ovelhas, além de ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água.

Mas, apesar de oferecer muita água e ser fonte de energia para o animal – podendo substituir em até 70% a energia fornecida pelo milho – a palma tem baixo teor de fibra, proteína e matéria seca, e, por isso, não deve ser utilizada como única fonte de alimento para os bovinos.

A grande vantagem é que, além de ser uma boa opção para a dieta dos animais, a palma se sobressai em condições de seca. Em um hectare de terra é possível obter mais de 100 toneladas de palma forrageira, com custo baixo e pouca água.

Em setembro, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) lançou a Rede Palma e a revista Informe Agropecuário com o tema “Cultivo e utilização da palma forrageira”, para intensificar as ações para o desenvolvimento da cultura da palma em áreas de vulnerabilidade climática de Minas Gerais. Desde 2009, a Epamig desenvolve estudos e incentiva o cultivo da palma. Nesses oito anos, já foram distribuídas cerca de 400 mil mudas da planta em parceria com a Emater-MG, de acordo com informações da Agência Minas Gerais.

 

 

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