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Síndrome da Morte do Braquiarão pode gerar prejuízos

Costuma se manifestar durante a estação chuvosa em solos de média a alta fertilidade


Foto: Marcel Oliveira

A Síndrome da Morte do Capim-braquiarão que também é chamada de morte do braquiarão ou apenas (SMB) é comum nas fazendas. O problema é um dos principais responsáveis pela degradação de pastagens, além das perdas agronômicas no solo. O problema pode afetar outros capins além do braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu), como o BRS Piatã e MG-4 e ocasiona prejuízos expressivos nos pastos.

Costuma se manifestar durante a estação chuvosa em solos de média a alta fertilidade e baixa permeabilidade (mal drenados), cujos sintomas se apresentam na forma de amarelecimento, murchamento e morte de touceiras da gramínea em áreas delimitadas da pastagem (reboleiras).

A Síndrome começou a ocorrer no estado do Acre e também se espalhou pelo Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, regiões que têm um regime intenso de chuvas, passando dos 2.100 mm anuais. Segundo o engenheiro agrônomo, Guilherme Batalini, representante da  Sementes Oeste Paulista (Soesp), o Marandu (braquiarão) apresenta baixa adaptação a solos encharcados e suscetibilidade ao ataque de fungos. “Como consequência, essa doença deixa as folhas amareladas e murchas (com aspecto de fenadas), resultando na mortalidade das touceiras. Normalmente observamos a manifestação dessa doença em reboleiras”, diz.

Na fase avançada dessa síndrome, as pastagens apresentam grandes áreas onde as plantas já morreram, sendo gradualmente ocupadas por invasoras. A ausência de uma intervenção precoce por parte do pecuarista pode resultar na degradação total da pastagem, sendo essa uma das principais consequências da SMB o que pode resultar em prejuízos irreversíveis. 

Fatores agravantes

De acordo com o agrônomo, estudos indicam que a síndrome da morte do braquiarão tem origem em alterações fisiológicas e morfológicas sofridas por esse capim, essencialmente quando ele é exposto a períodos de excesso de água no solo.  Além disso, práticas inadequadas de manejo que levam à compactação são responsáveis pela ocorrência da síndrome. Elas podem alterar a drenagem natural dos solos, tornando-os mais suscetíveis a períodos intermitentes de encharcamento ou com muita água nos poros.

Dentre essas práticas, o estresse de manejo causado pela utilização de altas cargas animais é um dos mais importantes, pois, invariavelmente, levará à perda da produtividade e do vigor da pastagem.  “Dessa forma, a falta de planejamento representa mais um dos muitos fatores que resultam em compactação dos solos com elevação da possibilidade de surgimento da síndrome na pastagem”, destaca o profissional.

Por fim, o efeito secundário de todo o processo de alagamento de áreas é o ataque de fungos fitopatogênicos de solo (Rhizoctonia, Fusarium e Pythium). Estes colonizam a base da planta, levando à sua morte. “Alterações no metabolismo do capim-marandu fazem com que este seja mais suscetível a estes fungos oportunistas, os quais, em outras condições, não teriam a capacidade de causar danos mais sérios à planta”, diz o agrônomo da Soesp.
 

Estratégias para manejo

Comprovadamente, ainda não existe uma solução direta para a SMB, e drenar o solo encharcado ou a aplicação de fungicidas são estratégias com baixa eficiência. A drenagem, além de trabalhosa, pode não ser totalmente eficiente, pois nem sempre a manifestação da síndrome ocorre em áreas de baixadas.

Além disso, o encharcamento pode se encontrar nas camadas de subsuperfície (0-40 cm), os implementos disponíveis no mercado não seriam capazes de melhorar o escoamento de água do solo. Já a aplicação de fungicidas nesta situação não é recomendada por ser economicamente inviável.

O melhor caminho para ajudar a solucionar esse problema é a substituição por cultivares mais adaptados a solos mal drenados e mais tolerantes à síndrome. Essa diversificação dá ao pecuarista maiores possibilidades de ganhos na atividade com a possibilidade de utilizar plantas com diferentes potenciais de produção, mais ou menos tolerantes ao ataque de insetos, à deficiência hídrica e ao ataque de fungos.

O produtor deve atentar-se ao manejo, pois a pastagem caracteriza-se como uma cultura perene que precisa de cuidados e manutenção adequada. Uma planta saudável tem maiores chances de sobreviver aos ataques de pragas e doenças. “Com essas medidas, certamente a síndrome da morte do braquiarão estará longe das pastagens e a qualidade do capim se manterá a ponto de oferecer um bom pastejo aos animais”, finaliza o agrônomo.
 

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