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Sistema controla carrapato sem medicamentos

Perdas anuais com o parasita chegam a US$ 3,24 bilhões/ano


Foto: Pixabay

Vem da Embrapa Gado de Corte (MS) uma pesquisa que pode mudar a relação dos criadores com o carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus). Por ano estima-se que os prejuízos com a infestação do parasita e suas conseqüências cheguem a US$ 3,24 bilhões no Brasil.

A pesquisa chamada de Sistema Lone tick permite o controle sem o uso de carrapaticidas. Consiste em deixar as larvas “solitárias” (em inglês lone) por meio do distanciamento entre parasito e hospedeiro. Isso acontece da seguinte forma: o carrapato-do-boi completa o ciclo de vida no hospedeiro em 21 dias com o ingurgitamento da fêmea e sua queda ao solo com consequente postura de 3000 ovos em média, iniciando a fase não parasitária. As larvas emergem dos ovos e constituem 95% da população de carrapatos no ambiente, sendo a fonte de reinfestação para os animais, não sendo alcançadas diretamente pelos carrapaticidas. A grande maioria das larvas do carrapato-do-boi não sobrevive no ambiente por mais de 82,6 dias.

É nesta fase de vida livre do carrapato que o sistema age. É adota a rotação de pastagens, permitindo um tempo de 84 dias das larvas sem contato com o hospedeiro, tempo suficiente para a morte das larvas por inanição.

O trabalho é conduzido pelo médico-veterinário Renato Andreotti em animais Senepol. Ele explica que durante um ano de observação e monitoramento dos animais, nenhum deles apresentou sintomas para tristeza parasitária bovina, doença que impacta os bovinos, levando a sua morte.

“A baixa infestação das larvas nas pastagens observada durante os testes levou à baixa manutenção de carrapatos nos bovinos mostrada pela contagem de carrapatos nos animais a cada 28 dias, sendo essa uma situação desejável para a manutenção da estabilidade enzoótica da TPB e mantendo a quantidade de carrapatos abaixo do limiar econômico de no máximo 40 carrapatos/animal”, diz Andreotti.

O pesquisador também comemora o baixo impacto do sistema para o meio ambiente, dispensando o uso de acaricidas, prática obrigatória no controle estratégico. O nível de infestação do carrapato nos rebanhos varia em função da presença e do grau de raças sensíveis. A infestação acarreta perda de peso pela inapetência, irritabilidade do animal, perda de sangue pela espoliação acentuada levando à anemia, lesões no local da picada evoluindo para miíases e lesões posteriores no couro. A alta infestação promove instabilidade dos agentes infecciosos responsáveis pela Tristeza Parasitaria Bovina (TPB).

Atualmente, o método utilizado para controlar o carrapato no rebanho bovino é o controle estratégico com uso de pesticidas, porém ele se mostra esgotado em função do desenvolvimento de resistência do carrapato a esses produtos. 

Em breve um artigo técnico com detalhes da pesquisa será publicado. Para saber mais sobre controle de carrapatos sugere-se a leitura do Documento 214: “Proposta de controle de carrapatos para o Brasil Central em sistemas de produção de bovinos associados ao manejo nutricional no campo”. 
 

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