Soja depende do jogo entre China e EUA
"É um jogo de xadrez que está sendo muito bem jogado pelos chineses", diz T&F
Segundo apurou a pesquisa diária do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP), os preços da soja no mercado físico brasileiro fecharam a segunda-feira (08.04) com preços médios da soja sobre rodas nos portos recuando 0,15% neste início de semana, para R$ 77,33, nos portos do Sul do país, aumentando as perdas de abril para exportação para 0,49%.
“A queda de 0,62% na cotação do dólar nesta segunda-feira, somada à levíssima queda de 0,03% na cotação da soja em Chicago, influíram nos preços. Como se percebe, o próprio preço oferecido pelo mercado não é estimulante para os vendedores brasileiros”, comenta o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.
Já no interior a oscilação foi zero percentual, com os preços médios permanecendo em R$ 72,52/saca e garantindo um “ganho” de 0,01% no mês. A soja no mercado interno tem um pouco mais de demanda diante dos leilões regulares de biodiesel, que garantem o escoamento do óleo de soja e da demanda das fábricas de ração por farelo de soja que, embora reduzida, se mantém ativa.
“Ao contrário da euforia publicada, o ritmo de embarques de soja está decrescendo nos últimos 45 dias. Este ritmo continuará? O que fazer? Tudo vai depender do jogo entre China e EUA. A China, principal demandante internacional do produto, já anunciou que irá reduzir as importações desta temporada e o USDA confirmou”, explica Pacheco.
“Os demais países compradores de soja no mundo não suprem a falta de demanda chinesa. Além disso, os grandes estoques de soja dos EUA dão à China certa tranquilidade nas compras e favorecem sua estratégia de não sair às compras com muito apetite, para não elevar demasiado os preços. É um jogo de xadrez que está sendo muito bem jogado pelos chineses, em detrimento dos EUA e do mercado em geral”, conclui o analista da T&F Consultoria Agroeconômica.