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Soja pode alcançar boa produtividade no Rio de Janeiro

Testes com diversas cultivares mostraram rendimento semelhante à média nacional


Foto: Marcel Oliveira

Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (RJ) observaram, durante quatro safras, o desempenho de cultivares de soja no norte do estado do Rio de Janeiro. Foram implantadas 50 cultivares em em doze ensaios nos municípios de Campos e Macaé.

 Os resultados surpreenderam e mostraram que a oleaginosa cultivada com práticas conservacionistas, pode ter produtividade satisfatória e ainda contribuir na recuperação do solo da região. Das 50 pelo menos dez se mostraram com produtividade semelhante à média nacional que é de 3,3 mil kg/ha. Alguns chegaram a produzir em média mais de 5 mil kg/ha. “No Rio de Janeiro, podemos dizer que a soja é uma cultura que se desenvolve bem, desde que plantada do jeito certo”, explica a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantália.

A maneira certa, de acordo com os cientistas, são os sistemas conservacionistas, que utilizam práticas agrícolas de baixo impacto, como por exemplo o plantio direto. É preciso levar em conta que boa parte do solo da região está impactado e degradado tanto do ponto de vista da fertilidade quanto de processos erosivos. “Entendemos que o sistema de plantio direto e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em suas diferentes modalidades são os mais adequados, especialmente para aproveitar a cultura da região na criação de bovinos”, argumenta  Jerri Zilli, pesquisador da Embrapa Agrobiologia (RJ). 

Os pesquisadores ressaltam que o potencial do norte fluminense para o plantio de grãos (soja e milho) vai além do comportamento das cultivares no campo, pois eles consideram ainda fatores sociais, econômicos e a infraestrutura regional. “Paralelamente aos testes de cultivares, fizemos debates com diversas instituições e órgãos do estado no intuito de identificar oportunidades para ampliar a área de grãos no Rio de Janeiro, visando não só beneficiar a agricultura do norte fluminense, mas outras regiões”, relata o pesquisador.

O norte fluminense já foi uma grande região produtora de cana-de-açúcar mas foi decaindo, dando espaço para a bovinocultura de corte e leite. Estima-se que existam cerca de 300 mil hectares com potencial para produção de soja na região.

Sabe-se, por exemplo, que aproximadamente 40% da área distribui-se entre pequenas e médias propriedades rurais e representam mais de seis mil estabelecimentos considerando toda região norte fluminense. Entretanto, o restante da área, algo em torno de 200 mil hectares, está distribuído em 373 propriedades com média de 510 hectares. “São essas terras, possivelmente antigas fazendas canavieiras, que podem ser exploradas para o plantio de grãos de forma mais extensiva”, complementa Claudia.

Atender à cadeia de produção de aves e outros animais no Rio de Janeiro pode ser um outro atrativo para os produtores, segundo os pesquisadores da Embrapa. Hoje, 85% do frango consumido no estado vem de outras localidades. No entanto, os 15% que são produzidos em terras fluminenses demandam diariamente cerca de 30 mil toneladas de farelo de soja, que também vêm de outros estados. “Além de abastecer a criação de aves do Rio de Janeiro, a produção de soja pode ser um estímulo ao estabelecimento de novas agroindústrias”, analisa Zilli.  

Apesar de o estudo revelar um cenário favorável ao desenvolvimento da cadeia de grãos, em especial soja e milho, os pesquisadores reconhecem que é necessário o envolvimento do poder público por meio da elaboração de políticas públicas que possam encorajar os produtores. “Não podemos causar muita euforia, mas por outro lado, se não for agora, os materiais que foram testados e indicados pela pesquisa se perdem em cerca de três a cinco anos”, enfatiza o pesquisador. 

* com informações da Embrapa
 

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