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SP: Bauru e outras cidades da região poderão ter plantações de trigo

Estimativa é de Maurício Lima Verde numa projeção para aproximadamente três anos; Brasil quer aumentar produção


O governo federal tomou uma decisão que, dentro de alguns anos, pode modificar o cenário de algumas plantações em Bauru e outras cidades da região. Diante da crescente demanda interna por produtos derivados do trigo e da suspensão das exportações do produto pela Argentina, foi definido que o Brasil terá uma política para caminhar em direção à auto-suficiência no abastecimento de trigo.

De acordo com Maurício Lima Verde, presidente do Sindicato Rural de Bauru e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), o objetivo é aumentar a produção brasileira em 5 milhões de toneladas até 2009, sendo que a atual gira em torno de 4 milhões de toneladas. O restante do consumo vem sendo suprido com as importações, cada vez mais problemáticas num momento em que a demanda por trigo aumentou em todo o mundo. A intenção do governo é de estimular o plantio e elevar a produção para 7,1 milhões de toneladas em cinco anos.

“Na região de Bauru que não está sujeita nem à cana nem à madeira, nós temos duas grandes vantagens para o cultivo do trigo, que são a logística privilegiada (para o escoamento da produção) e a topografia adequada para a colheita. Além disso, há muitas áreas que podem ser utilizadas para essas plantações. O que nós não temos é o clima frio exigido para o plantio do trigo, mas dentro de dois ou três anos, certamente a Embrapa terá condições de desenvolver uma variedade de trigo que se adapte ao clima da nossa região”, analisa.

Segundo ele, recentemente a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) obteve sucesso em testes realizados com trigo em regiões nunca antes exploradas por essa cultura. Além disso, fontes ligadas à Embrapa informam que, a partir de agora, as pesquisas nesse ramo serão prioridade, já que o governo federal deve liberar verba para isso.

Urgência

O aumento das áreas utilizadas para a plantação de trigo é urgente para o Brasil, já que a Argentina - maior fornecedor - suspendeu as vendas de trigo e tornou-se o grande pesadelo dos moinhos brasileiros. Segundo Lima Verde, uma das exigências para essa cultura é que o plantio seja feito em terrenos planos, pois a colheita é feita com máquinas. “Essa é exatamente a topografia predominante na nossa região”, destaca.

Do final da década de 80 para cá, o preço do trigo não parou de crescer. Segundo o governo, atualmente o custo da produção da tonelada no Brasil gira em torno de US$ 480. Como o preço de importação fica entre US$ 600 e US$ 700 e não deve cair muito, a produção até US$ 500 seria compensatória para o País.

No Estado de São Paulo, atualmente a área plantada de trigo está entre 50 mil e 60 mil hectares. Segundo Lima Verde, o Estado produz cerca de 3% do total do País, o que significa algo em torno de 20 milhões de toneladas ao ano. Paraná e Rio Grande do Sul são responsáveis por quase 90% da produção brasileira.

“A nossa (do Brasil) produtividade ainda é muito baixa, porque nunca se deu muita atenção ao trigo. O Brasil colhe praticamente a metade do que a Argentina e os Estados Unidos colhem. Mas agora há necessidade de aumentar a produção, e a capacidade de criar novas variedades de trigo é imensa. Para começar a investir nessa cultura é preciso investimento alto, mas por outro lado, o preço (de venda) da saca do trigo vem crescendo. Por isso, é economicamente viável. Ou seja, tendo preço bom e demanda, surgirão produtores na região”, avalia Lima Verde.

Segundo ele, em 2006 a saca de 60 quilos custava R$ 22,30. No ano seguinte passou para R$ 29,50 e, neste ano, para R$ 48,00 - a maior alta dos últimos dez anos. Ou seja, entre 2007 e 2008 o aumento foi de 60%.
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