A anglo-suíça Syngenta divulgou ontem seu melhor resultado para um semestre desde a fusão entre a Novartis e a Zeneca, em 2000, que deu origem à Syngenta. No primeiro semestre de 2004, a empresa, que atua nos ramos de agroquímicos e sementes, teve lucro líquido de US$ 964 milhões (R$ 2,9 bilhões), 83% maior que o apurado nos primeiros seis meses de 2003. "Fomos beneficiados pela recuperação do mercado internacional de commodities agrícolas", diz Michael Pragnell, CEO da Syngenta.
Apesar da recente queda de cotações de produtos como a soja ou o algodão, os preços ainda estão acima dos historicamente registrados. O faturamento no período foi de US$ 4,6 bilhões, com crescimento de 12% em relação ao registrado no primeiro semestre do ano passado.
As vendas de defensivos da América Latina (sobretudo Brasil e Argentina) foram as que mais cresceram, embora sua participação, de 9% das vendas, seja relativamente pequena dentro dos negócios da empresa. As receitas da região foram 39% maiores, de US$ 337 milhões entre janeiro e junho. "As vendas de agroquímicos para a soja, o algodão e até o café superaram em muito nossas expectativas", diz Valdemar Fischer, diretor da Syngenta Proteção de Cultivos do Brasil, divisão responsável pela área de defensivos.
Ele esperava crescimento entre 25% e 30% da venda de agrotóxicos, mas encerrou o período com aumento "superior a 50%". Historicamente, o Brasil representa 60% das vendas de defensivos da América Latina e a Argentina, 15%.
A Europa, dona de uma participação de 41% do faturamento da divisão de defensivos químicos, registrou aumento de 15% das vendas. E os EUA, segundo maior mercado de agrotóxicos da empresa, cresceu 3% no primeiro semestre.
No segmento de sementes, as vendas para a Ásia foram as que mais cresceram, com incremento de 34% e faturamento de US$ 40 milhões. A região, no entanto, tem pequena participação de 5% das vendas totais de sementes do grupo. A América Latina, que tem representatividade ainda menor que a Ásia, faturou US$ 27 milhões, acumulando crescimento de 7% das vendas de sementes no primeiro semestre, em comparação com igual período de 2003.
Produtos transgênicos
Pragnell acredita que a expansão do uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) deve favorecer as vendas de sementes, em detrimento das de defensivos no longo prazo. "Ainda assim, os agroquímicos devem continuar sendo nosso principal negócio. Não acho que vou assistir a uma inversão brusca de mercado. Não nesta vida, pelo menos", diz o executivo de 57 anos. A divisão proteção de cultivos responde por 82% do faturamento do grupo. A área de sementes tem participação de 18%.
Ele notou, porém, que à medida que avança o cultivo de transgênicos nos Estados Unidos, caiu sensivelmente a venda de defensivos específicos, que foram aos poucos sendo substituídos pelo glifosato (caso da soja e do milho). Caiu também a demanda relativa por alguns tipos de inseticidas utilizados no combate à praga da lagarta do algodão.
Além de investir no desenvolvimento de sementes resistentes a pragas e fungos, a Syngenta tem investido US$ 30 milhões por ano em pesquisas de "agrofármacos": plantas que carregam uma enzima que possa ser usada no tratamento médico de pessoas. A empresa não informou, no entanto, a quais áreas especificamente tem se dedicado.