Trading de produtores debuta com venda de algodão à China
Criada no Centro-Oeste, Libero também negociará grãos
Criada no Centro-Oeste, Libero também negociará grãos
A Libero Commodities, trading criada por produtores de algodão, soja e milho do Centro-Oeste, começou a funcionar oficialmente com a primeira venda de algodão para a estatal chinesa China National Cotton Group Corporation, realizada no fim de abril.
O volume ainda é simbólico - cerca de 1 mil toneladas - mas trata-se de um cliente que consome 1 milhão de toneladas da pluma anualmente. Nos próximos dois anos, o foco da Libero deve ser a comercialização da pluma. Mas após esse período, a empresa deve passar a vender também milho e soja - neste último caso, os volumes podem atingir 20% da safra brasileira da oleaginosa.

Em 2011, no entanto, a trading vai expandir suas operações e deverá comercializar, pelo menos, 75 mil toneladas da pluma que será plantada a partir de dezembro deste ano e colhida em 2011. No médio prazo, a Libero tem potencial para movimentar 500 mil toneladas de algodão.
Por que produtores precisam criar uma trading? A resposta passa, obviamente, pela vantagem de eliminar um "atravessador". Com a Libero, o produtor rural pode vender a pluma diretamente ao importador, sem a intermediação das tradings tradicionais. Mas a principal motivação, diz Pinesso, está na garantia de que o algodão chegará ao destino final com as especificações e qualidades contratadas, o que nem sempre acontece.
Isso porque, afirma Pinesso, a despeito de todo o marketing feito no exterior sobre a qualidade do algodão do Brasil e da boa produção da porteira para dentro, quando o fardo sai da fazenda rumo ao destino final, passa por "acidentes" no caminho como a estocagem em armazéns, caminhões e contêineres sujos e mistura com outros fardos de especificações diferentes.
O resultado é que quando chega ao cliente final o algodão entregue é bem diferente do contratado, segundo o presidente da Ampa. "Isso é vexatório para os produtores do Brasil, por isso, agora estamos assumindo esse elo da cadeia".
Até o momento, a Libero tem em sua composição societária produtores individuais, companhias e cooperativas brasileiras que somam 30 sócios. Juntos, respondem por uma área total de 4,5 milhões de hectares plantados com soja, milho e algodão no Centro-Oeste brasileiro, segundo Adrian Moguel y Anza, CEO da Libero.
"A informação que antes era acessível às tradings tradicionais hoje se transmite de forma instantânea a outros agentes da cadeia. A estrutura de mercado está mudando e a Libero reflete isso. Não somos uma trading tradicional, mas uma extensão do produtor", afirma Adrian.
A holding da Libero tem sede em Amsterdã, na Holanda, e as subsidiárias estão localizadas em Genebra, na Suíça, e no Brasil - em Cuiabá (MT) e em Luís Eduardo Magalhães (BA). "A forte presença na Europa é estratégica para acessar recursos financeiros a juros mais baixos. Também facilita as ações de marketing nos mercados-alvo do algodão, como Ásia, Oriente Médio África e Europa", explica o CEO da Libero.
Além dos volumes de algodão, Pinesso estima que a trading tem potencial para movimentar 12 milhões de toneladas de soja, o equivalente a 20% da produção nacional da oleaginosa, e 3 milhões de toneladas de milho.