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Triângulo Mineiro aumenta área de algodão

Produtores da região estão plantando uma área 10% maior que na safra passada


Produtores de algodão do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba estão animados com as projeções da safra 2006/2007. Os números apontados por diversos órgãos para a região são diferentes, mas todos indicam crescimento tanto da área plantada quanto da produção. De acordo com dados da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), com sede em Patos de Minas, a área cultivada no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que representam mais de um terço do plantio no Estado, aumentou em 10%. O mesmo percentual de crescimento é esperado para a produção.

O coordenador do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lindomar Antônio Lopes, está ainda mais otimista. Ele acredita que a ampliação das lavouras no Estado deverá chegar a 30% este ano.

A opção por esta cultura, segundo ele, é motivada pela valorização do produto no mercado. "De todas as comodities brasileiras, o algodão é a que tem apresentado o melhor resultado, apesar de todos os preços ainda estarem ruins para os produtores", destacou.

Conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mês passado, a ampliação esperada para a área cultiva com algodão, em Minas, era de 1,4%, enquanto a produção poderá crescer 17%. O aumento na hora da colheita é atribuído a problemas climáticos que prejudicaram a safra 2005/2006.

Apesar do crescimento, os números são menores em relação aos previstos para o Brasil. O IBGE estima para todo o País que a área de algodão seja 20,5% maior e que a produção poderá crescer 31% em relação à safra anterior.

Regiões

O plantio de algodão em Minas encerrou-se neste mês, com uma área coberta próxima dos 30 mil ha. A principal região produtora é o noroeste, com cerca de 10 mil ha. Em segundo lugar vem o Alto Paranaíba, com 7,1 mil, seguindo pelo Triângulo, onde o Pontal responde por 4,6 mil dos 5,5 mil ha cultivados.

Há mais de 10 anos na atividade, o agricultor José Luis da Silva está entre os produtores que esperam obter melhores resultados na lavoura de algodão. Ele plantou 240 hectares no Município de Uberlândia, pouco mais que na safra passada, mas acredita em retorno maior. "No ano passado, os insumos estavam muito caros e os preços foram ruins", lembra.

Para esta safra, a redução de alguns produtos utilizados nas lavouras chega a 20%. Com isto, o produtor afirma que se os preços de venda do algodão forem 10% maiores, já haverá vantagem para os agricultores.

Mas o resultado final da cotonicultura depende de outros fatores. Um deles são as condições de tempo. Na safra passada, houve prejuízo em algumas regiões por causa da seca quando as lavouras precisavam de chuva, que se intensificaram na época imprópria, a da colheita.

O mercado externo também influencia diretamente os lucros dos produtores mineiros. "Se a China for renovar seus estoques, com certeza vamos exportar a um preço muito melhor. Temos que pensar também que os Estados Unidos estão com a produção em alta e eles têm melhores condições de competitividade, devido aos subsídios", salientou.

Cresce a demanda mundial

Perspectivas ruins para a soja ajudaram a promover o cultivo do algodão este ano. A avaliação é do assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela. Ele adverte, no entanto, que os preços apesar da recuperação em relação à safra anterior - não indicam uma melhoria sustentada.

O otimismo para a safra 2006/2007 foi motivado pela redução da produção mundial e, com isso, aumento da demanda. Este tipo de situação sazonal aquece o mercado tanto interno quanto externo. Conforme destacou o assessor da Faemg, grande parte da exportação hoje está associada a contratos com empresas estrangeiras numa espécie de escambo agrícola.

Organismos ligados ao setor apontam que o algodão virou também moeda utilizada na produção de soja. Os produtores trocam a pluma por insumos para a sojicultura. Há cinco anos, o sistema representava 10% das exportações de algodão e hoje há quem assegure que a troca já abrange 50% da matéria-prima enviada para fora do País.

Segundo dados da Faemg, Minas exportou até outubro 22,2 mil toneladas de algodão, o que equivale a US$ 116 milhões. O crescimento é de 6% no valor e de 50% no volume exportado. No mesmo período, o País importou 4,8 mil toneladas de algodão, correspondentes a US$ 9,9 milhões.

Com estes números, o resultado da balança comercial da cotonicultura é positivo. O crescimento foi de 137% em valor e de 189%, em volume para o período de janeiro a outubro deste ano, em relação ao mesmo período de 2005.

Mercado interno e externo

Na avaliação do coordenador do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), Lindomar Antônio Lopes, a cotonicultura é hoje um dos cultivos mais promissores para os produtores de Minas. Sua afirmação tem como base a demanda pela matéria-prima dentro do Estado e também as possibilidades de exportação.

Conforme informou, somente 30% do algodão consumido pela indústria têxtil mineira é produzido no Estado. A demanda é de 150 mil toneladas por ano, enquanto a produção fica em torno de 40 mil toneladas. Além desta distância, muitos agricultores destinam sua produção ao mercado externo.

Para evitar a evasão da matéria-prima e incentivar o cultivo no Estado, há três anos, o governo mineiro implantou o Proalminas, que prevê uma série de vantagens aos produtores. A principal é o incremento de 9%, pago pelas indústrias, sobre o preço de mercado da arroba de algodão.

Conforme explicou Lindomar Lopes, para viabilizar o acréscimo, o programa garante às indústrias mineiras uma redução do ICMS de 12% para 7% sobre o valor do produto já industrializado. O incentivo está atrelado à compra de matéria-prima produzida no Estado.

Segundo o coordenador, mesmo com o acréscimo de 9% pago aos produtores, a redução de 5% no imposto ainda representa vantagem para as fábricas têxteis, já que a cobrança incide sobre os produtos com valor agregado.

Expectativa muito otimista

Inaugurado há seis meses em Uberlândia, o laboratório Minas Cotton, uma central de classificação de fibra do algodão, já analisou cerca de 130 mil amostras, o que corresponde à avaliação de metade da safra 2005/2006. "Esperamos para o próximo ano dobrar a quantidade. Temos capacidade para analisar toda a produção do Estado e eventualmente de outros", afirmou o coordenador do laboratório, Stanis Bombonato.

Conforme explicou, o trabalho do laboratório consiste em analisar uma amostra de 80 a 100 gramas de cada fardo de 200 quilos. O resultado aponta as características do algodão que enquadram o produto numa tabela de tipos e, conseqüentemente, de preços. "Sem esta análise você não consegue colocar o produto no mercado", frisou.

O laboratório de classificação e certificação, instalado no bairro Umuarama, é uma das 13 centrais existentes no Brasil. O projeto recebeu investimentos de R$ 1,2 milhão e atendeu a uma antiga reivindicação dos cotonicultores. O aparelho denominado HVI (High Valuation Indics), que custa R$ 700 mil, foi doado por uma empresa multinacional de defensivos agrícolas.

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