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Trigo: El Niño e mudanças no mercado

Oferta reduzida e preços em alta


Foto: Pixabay

O fenômeno El Niño está causando impactos significativos na produção de trigo no Brasil, especialmente no principal estado produtor, o Rio Grande do Sul. O aumento das chuvas durante o terceiro trimestre coincidiu com uma das maiores colheitas de trigo da história do país, projetada em 10,8 milhões de toneladas para 2023, segundo a CONAB. No entanto, as intensas chuvas no Rio Grande do Sul durante a maturação e colheita do cereal prejudicaram a produção, resultando em uma oferta nacional menor e com qualidade inferior. O último relatório da CONAB revisou a projeção para 9,7 milhões de toneladas, uma queda de 11% em relação às projeções de setembro e 8,7% inferior ao ano anterior.

De acordo com o relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a menor oferta e a escassez de trigo de qualidade estão impulsionando os preços, interrompendo um ciclo de queda que perdurava há quase um ano. A disparidade de preços entre as regiões, devido às diferenças de qualidade, é notável, com o Rio Grande do Sul sendo particularmente prejudicado.

Diante desse cenário, a indústria deve recorrer às importações para suprir a demanda por matéria-prima de qualidade para a produção de blends de farinhas. Isso cria a expectativa de preços mais elevados, principalmente durante a entressafra. A Argentina, um importante fornecedor, enfrenta desafios climáticos que reduziram sua projeção inicial de produção em 34%, fortalecendo a necessidade de importações.

O aumento das compras externas de trigo, incluindo a presença crescente do produto russo, pode influenciar os preços no mercado brasileiro. A atenção deve ser redobrada para os custos de armazenagem e de oportunidade do trigo de qualidade, que está sendo estocado na esperança de preços ainda mais elevados.

Para os produtores, a orientação é uma avaliação cuidadosa dos custos e benefícios, considerando as cotações internacionais e as oportunidades de fixações de moeda. A indústria também deve monitorar os estoques e o fluxo de aquisições, especialmente diante da incerteza sobre a oferta argentina devido às chuvas persistentes.

A precificação do trigo deve ser feita com atenção aos detalhes, considerando o cenário global, as condições climáticas e as oportunidades de mercado. A correlação com a Bolsa de Chicago oferece oportunidades para fixações de moeda e do cereal a preços atrativos, proporcionando estratégias eficazes para enfrentar as complexidades do atual panorama do trigo no Brasil.

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