Trigo barato: por que os preços não reagem mesmo com colheita comprometida?
Apesar do ritmo mais lento da colheita no Sul do Brasil, os preços continuam em queda
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Apesar do ritmo mais lento da colheita no Sul do Brasil, os preços do trigo continuam em queda. Segundo dados divulgados pelo Cepea, a maior oferta interna e a competitividade do produto importado têm sustentado o movimento de baixa.
As chuvas frequentes no Sul, especialmente no Paraná, têm atrasado a colheita do trigo e interrompido atividades de campo, conforme aponta o boletim mais recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em cenário normal, a limitação na oferta poderia sustentar ou elevar os preços, mas isso não tem ocorrido.
Segundo o Cepea, a explicação está na combinação de fatores estruturais e conjunturais. Entre eles, destacam-se o câmbio elevado — com o dólar na casa dos R$ 5,30 — e a maior competitividade do trigo importado, que entra no mercado brasileiro com preços mais atrativos.
Além disso, o cenário internacional contribui para o recuo das cotações. As projeções indicam uma possível safra global recorde, o que aumenta a disponibilidade mundial do cereal. No Brasil, os estoques de passagem também estão elevados, mantendo a oferta interna robusta mesmo diante das interrupções na colheita.
Com a oferta interna ainda sustentada por estoques e importações competitivas, o mercado do trigo segue pressionado, sem espaço para valorização no curto prazo. A expectativa para os próximos meses dependerá do comportamento do dólar, da consolidação da safra mundial e do ritmo das importações.