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Trigo gaúcho: baixa rentabilidade compromete renda

Área cultivada pode ser reduzida em 2026


Foto: Canva

Com cerca de 50% da colheita finalizada, a safra de trigo no Rio Grande do Sul avança sob o peso da frustração no campo. A avaliação é da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro/RS), que aponta baixa rentabilidade e insatisfação generalizada entre os produtores, o que pode levar à redução da área cultivada no próximo ano.

Segundo o presidente da entidade, Paulo Pires, a estratégia adotada por muitos produtores foi de “legítima defesa”: para conter prejuízos, houve menor investimento tecnológico nas lavouras. O reflexo está na produtividade abaixo do esperado e na qualidade inferior do grão colhido. Estima-se que a produção total ultrapasse 3,7 milhões de toneladas.

Apesar da tradição e da importância do trigo como cultura de inverno no Estado, o atual cenário econômico agrava a insatisfação. “O produtor que colheu 50 sacas por hectare, vendendo a R$ 56,00, acumula um prejuízo equivalente a 11 sacas”, explica Pires, destacando a insustentabilidade do modelo atual.

As consequências vão além da renda imediata. A tendência, segundo a FecoAgro/RS, é de retração na área plantada para 2026, justamente num momento em que o trigo tem papel estratégico na preservação do solo e no sistema produtivo das propriedades gaúchas.

No contraponto, a cultura da canola vem ganhando espaço. Ainda que com menor expressão no Estado, produtores demonstram interesse crescente, especialmente pelas vantagens agronômicas da rotação de culturas, que pode beneficiar também o trigo.

Pires ainda alerta para a ausência de políticas públicas que revertam esse quadro. “Além do risco elevado, muitas lavouras estão sendo conduzidas sem seguro ou Proagro. A rentabilidade do agro gaúcho é muito baixa, e não há sinalização de apoio governamental para mudar isso.”

A possível redução de área com trigo preocupa o setor, que vê na cultura uma alternativa viável de inverno. A expectativa é de que medidas de estímulo, como crédito acessível e políticas de preço mínimo, sejam discutidas antes da próxima safra.  

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