Trigo no radar: oferta global ajusta preços
Nos Estados Unidos, as vendas de trigo somaram 539,8 mil toneladas

O mercado global de trigo registra movimentos mistos nesta semana, refletindo mudanças nas expectativas de fornecimento e exportações. Segundo a consultoria TF Agroeconômica, a redução das vendas russas e ucranianas contrasta com o aumento das exportações norte-americanas, impactando o equilíbrio de oferta e demanda. A SovEcon revisou para baixo a previsão de exportações da Rússia, de 43,7 para 43,4 milhões de toneladas, devido ao fraco ritmo de vendas desde 1º de julho, enquanto o Ministério da Política Agrária da Ucrânia registrou 4,34 milhões de toneladas exportadas, queda de 27% frente ao mesmo período do ano passado.
Nos Estados Unidos, as vendas de trigo somaram 539,8 mil toneladas na semana, perto do máximo esperado pelos traders, com destaque para as Filipinas, que receberam 116 mil toneladas. Já na Argentina, o retorno das tarifas de exportação de 9,5% reduziu a pressão de vendas externas, após o país negociar mais de 3 milhões de toneladas de trigo em curto período. O Paraguai, por sua vez, registra colheita de 50% com produtividade recorde de 2,97 t/ha, abastecendo moinhos do oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul.
Entre os fatores de baixa, destacam-se a valorização do dólar frente ao euro, que prejudica a competitividade das exportações americanas, e a expectativa de safra abundante no Hemisfério Sul, com boas perspectivas na Austrália e Argentina. A União Europeia também aumentou sua estimativa de produção de trigo soft para 132,6 milhões de toneladas em 2025/2026, o maior volume em dez anos, reforçando a oferta global.
No Brasil, a escassa comercialização externa — apenas 74 mil toneladas vendidas até o momento, contra mais de 700 mil em médias históricas — aumenta a disponibilidade interna e pressiona os preços para baixo. Especialistas alertam que a gestão estratégica das vendas e a capacitação de equipes comerciais podem ser determinantes para melhorar margens e aproveitar melhor as oportunidades do mercado.