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Uma polêmica chamada 2,4-D

Especialistas e produtores garantem que é possível chegar à deriva zero


Foto: Pixabay

O 2,4-D é polêmico desde sempre. Há os que não vivem sem seus atributos na dessecação da soja e há os que não gostariam de ter por perto. Isso porque a aplicação incorreta já causou inúmeros prejuízos devido à deriva para as lavouras de outras culturas vizinhas.

O herbicida foi o primeiro herbicida orgânico sintetizado pela indústria química, em 1941. Descoberto durante a Guerra do Vietnã quando os americanos, com intuito de desfolhar partes da selva entre o Vietnã, Laos e Camboja, queriam expor a rota de suprimentos dos guerrilheiros, o produto é usado até hoje.

Age contra as plantas daninhas já desenvolvidas. O 2,4-D tem o menor custo de aplicação dentre todas as alternativas do mercado, com uma média de R$ 13,22/hectare. O aumento médio de custo se o produtor utilizasse outros herbicidas nessa mesma cultura acrescentaria em 350% a mais no custo do manejo de pragas, uma vez que o gasto médio com outros herbicidas é de R$ 58,82/hectare. Substituir o 2,4-D por outro herbicida geraria um aumento de despesas de R$ 1 bilhão no Brasil de modo geral. Os dados são da iniciativa 2,4-D formada por empresas fabricantes.

O Rio Grande do Sul foi o estado que mais registrou os efeitos negativos da deriva. Os prejuízos foram sentidos a partir de 2018 em cultivos sensíveis como uva, oliva, pêssegos e hortaliças. Como primeira medida o estado suspendeu o herbicida em dezembro de 2019 depois de 143 amostras terem dado positivo para a deriva do herbicida.

A Secretaria da Agricultura editou uma Instrução Normativa onde elegeu municípios prioritários no monitoramento e exigindo algumas regras para a aplicação como a capacitação de aplicadores em cursos e treinamentos. Já foram cerca de 1.400 produtores e aplicadores, que receberam certificação de instituições parceiras. Houve a inspeção de pulverizadores e a doação de 3.500 bicos para este equipamento adequados para gotas mais grossas, que evitam a deriva. Aliado a isso, a Corteva Agriscience, fabricante do produto, monitorou áreas sensíveis, com um assistente técnico exclusivo para prestar orientação aos produtores, e a revisão da bula do 2,4-D, tornando sua leitura mais didática. 

Depois de conhecimento, informações e algumas mudanças muitos produtores já comemoram a deriva zero, com aplicação segura e podendo usufruir dos benefícios de manejo correto do herbicida. Confira no vídeo como isso foi possível e como a deriva foi reduzida no estado gaúcho com denúncias e monitoramento.

As capacitações seguem e devem se dar também em outras regiões do país. A expectativa é capacitar mais 200 produtores até o final deste ano. A iniciativa de Boas Práticas Agrícolas também conta com um caminhão baú adaptado para o formato de uma sala de aula. O projeto percorre diversos estados do país promovendo treinamentos técnicos para agrônomos, consultores e profissionais que lidam com o cultivo, seja para falar da aplicação de 2,4-D ou de outros produtos. 


 

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