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Umidade atrasa colheita da soja em uma semana no Paraná


As vésperas de concluir a safra paranaense de 2004, que deve fechar com 2 milhões de toneladas a menos que no ano passado, agricultores enfrentam nova briga com o tempo. Agora é a umidade, causada pelo frio e chuva, que ameaça o fim da colheita da soja. Na região de Guarapuava e Campos Gerais, últimas regiões do estado a colher, a colheita está atrasada em uma semana.

Em dias de tempo bom, produtores trabalham de manhã até a noite para recuperar o trabalho dos dias parados. E eles devem se apressar. O Instituto Meteorológico Simepar prevê pancadas de chuva a partir de amanhã.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), 91% da safra paranaense já foram colhidos. Apesar dos percalços, como estiagem, ferrugem asiática e chuva, a colheita está indo bem, na opinião da coordenadora do Deral, Vera Zardo, “O clima não foi tão bom quanto os agricultores esperavam, mas ainda assim teremos uma boa safra”, disse. De acordo com o Deral, 48% da soja colhida nas regiões Oeste, Norte e Noroeste foram comercializados pelos produtores.

Na região de Guarapuava ainda falta colher cerca de 40% das 398 mil toneladas previstas. Segundo o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) de Guarapuava, Artur Bittencourt Filho, a instabilidade do tempo atrasou a colheita em uma semana. Os produtores da região têm intensificado o trabalho para recuperar o tempo perdido.

Nos Campos Gerais, ainda falta colher 35% da safra. Segundo o engenheiro agrônomo do Deral de Ponta Grossa, José Roberto Tosato, além da chuva, fungicidas aplicados na lavoura para o controle da ferrugem asiática atrasaram a colheita deste ano. Segundo Tosato, em pelo menos 40% das propriedades rurais de Ponta Grossa a soja ainda está no processo de frutificação.

Os dias de umidade deixaram agricultores apreensivos na região dos Campos Gerais. Alguns já tiveram perdas nos dias de chuva. Foi o caso de Rogério Fanha, de Castro. Na segunda-feira ele descarregou somente um caminhão dos quatro que costuma entregar na Castrolanda. Fanha afirma que já perdeu a comercialização da soja semente, que rende 40% a mais que a soja consumo. Ele explica que este tipo de soja tem o tempo certo para colher e, perdida a data, perde-se a qualidade.

O trabalho de descarregamento na Castrolanda foi intenso nos últimos dois dias para compensar os dias chuvosos. Cerca de sete mil caminhões descarregaram soja entre terça e quarta-feira. Quase no fim da colheita, a cooperativa ainda aguarda o recebimento de 60% do esperado dessa safra. “Estamos atrasadíssimos. No ano passado, neste mesmo período já havíamos recebido 90% da soja”, disse o diretor de produção agrícola da Castrolanda, Alcebíades Alves da Cruz. A colheita deve terminar na segunda semana de maio.

A chuva também prejudicou a qualidade da soja colhida. Sem opção, os produtores continuaram a colheita na semana passada mesmo com tempo ruim. De acordo com Cruz, para uma boa colheita, a soja deve apresentar uma média de 18% de umidade. Acima de 24%, a qualidade fica comprometida. Na semana passada, a soja estava sendo colhida com 22% de umidade.

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