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União Européia vai proibir uso de certos antibióticos na pecuária


A partir de 2006, a União Européia vai proibir o uso de certos antibióticos na criação do gado bovino. "Segurança alimentar é a palavra-chave na Europa. A UE não está preocupada em produzir quantidade, mas qualidade", diz o pesquisador Daniel Sauvant, do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, ligado ao governo francês. Um dos antibióticos em questão, cujo princípio ativo é a monensina sódica, é largamente utilizado pela indústria de confinamento. "Praticamente 100% dos confinadores brasileiros utilizam a monensina", diz Carlos Cardoso, dono de um rebanho de 2 mil animais. "Encontrar um substituto natural e de preço competitivo não é tarefa fácil", diz o pecuarista de Goianésia (GO). De acordo com especialistas, a monensina pode aumentar em 8% a 10% o peso do animal. A UE alega que resíduos da monensina já foram detectados na carne e no leite, uma ameaça para o consumo humano. Por isso, o bloco exige sua substituição. "Até agora, a UE não emitiu nenhuma orientação aos seus fornecedores de carne, como o Brasil. Tampouco nenhuma autoridade brasileira se manifestou sobre o assunto", diz Jacob Tormes, diretor da Elanco, divisão de saúde animal da Eli Lilly. A monensina sódica da Elanco, o Rumensin, é um dos carros-chefe de vendas da empresa no Brasil. Estima-se que 95% da monensina vendida em todo o mundo seja produzida pelo laboratório Eli Lilly. Pecuaristas se antecipam Embora a UE não tenha feito nenhum comunicado aos seus fornecedores, muitos pecuaristas se anteciparam e já substituíram a monensina. "Achamos que isso pode ser um diferencial para o mercado", diz Lillian Pascoa, zootecnista da Agropecuária Jacarezinho, uma empresa do grupo Grendene. Todos os anos, a Agropecuária Jacarezinho manda 1,5 mil animais para abate. "Atendendo a mercados exigentes como a Europa nos qualificamos para fornecer carne para qualquer lugar", afirma a zootecnista. A monensina, um promotor de crescimento, melhora a digestibilidade dos animais e, desta forma, contribui para seu ganho de peso. Os promotores de crescimento agem de forma diversa dos anabolizantes, que aumentam a produção de um hormô-nio artificialmente, fazendo com que os animais ganhem peso. Tendência irreversível "Os promotores de crescimento podem ser substituídos por ingredientes naturais sem prejuízo em custo ou em desempenho de ganho de peso dos animais", diz Sauvant, que participou do 20º Simpósio da Indústria de Alimentação Animal promovido em Lexington (EUA). "A substituição dos antibióticos por ingredientes naturais é uma tendência irreversível", diz Adolfo Pereira, gerente da multinacional norte-americana Alltech. A empresa, especializada na fabricação de ingre-dientes naturais de alta tecnologia para ração (como a levedura), é uma das cinco empresas do mercado a oferecer este tipo de produto. O Brasil é o segundo maior mercado para a Alltech em todo o mundo. Pereira diz que dos 2,5 milhões de animais que estão em confinamento, pelo menos 70% ainda usam antibióticos como promotores de crescimento. "Esse é o nosso potencial de mercado", diz. Cardoso, por exemplo, é dono de 2 mil animais, porém também presta consultoria a outros pecuaristas. Na prática, supervisiona um rebanho de 70 mil animais. "Em julho, começaremos a substituir os antibióticos por produtos naturais", diz. O primeiro teste será feito em 500 cabeças.

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