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Valorizado, trigo amplia espaço no campo

Os produtores aumentaram em 30% a área plantada, que chegou a 2,36 milhões de hectares no Centro-Sul do país


Se depender da oferta, a inflação dos derivados de trigo pode recuar nos próximos meses. Estimulada por demanda aquecida e preços altos, a produção nacional do cereal será, pela primeira vez nas últimas três safras, suficiente para suprir mais da metade do consumo brasileiro.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou ontem a produção de 5,42 milhões de toneladas de trigo, resultado 42% superior aos 3,82 milhões do ciclo anterior. Os produtores aumentaram em 30% a área plantada, que chegou a 2,36 milhões de hectares no Centro-Sul do país. A produtividade das lavouras deve saltar 9,5%.

A boa performance do trigo levou a safra nacional de grãos, fibras e cereais a fechar o ciclo 2007/2008 com o recorde de 143,7 milhões de toneladas, estimou ontem a Conab. O resultado supera em 9% os 131,7 milhões de toneladas do ciclo 2006/2007.

Empurrada pelo avanço de 6,7% na produtividade global das lavouras, a safra cresceu 2,2%, para 47,2 milhões de hectares. O clima favorável e os preços em alta levaram a uma expansão de 1,03 milhões de hectares. "Os números ainda podem sofrer uma pequena alteração, mas isso será residual. O recorde está consolidado", diz o gerente de Levantamento e Avaliação de Safras da Conab, Eledon Pereira de Oliveira.

Produtos básicos, como feijão e arroz, também devem contribuir para um "refresco" no bolso do consumidor, segundo a Conab. Mesmo com a frustração de 20% na primeira safra em razão dos efeitos da estiagem, a produção de feijão registrou uma elevação de 6% na comparação ao período anterior. A colheita deve chegar a 3,5 milhões de toneladas.

Assim, os estoques devem ser os maiores desde 1999/2000. Sob os efeitos de preços altos, a segunda safra, já totalmente colhida, somou 1,47 milhão de toneladas, um aumento de 47% na produção. A terceira safra do feijão, cuja colheita começou em julho e segue até setembro, deve aumentar 6% e somar 821,6 mil toneladas.

No caso do arroz, mesmo com a área plantada reduzida em 89 mil hectares (-3%), a produção aumentou 7% em relação ao ciclo passado, chegando a 12,1 milhões de toneladas. O resultado está longe do consumo de 13 milhões de toneladas, além de registrar os estoques mais baixos dos últimos nove anos.

Mas os principais destaques da safra foram a produção recorde de soja e de milho, que somaram 83% do total colhido no país. Na soja, os produtores avançaram 3% na comparação com o ciclo anterior e romperam uma barreira histórica ao chegar a 60,07 milhões de toneladas. O avanço absoluto beirou os 1,7 milhão de toneladas.

A produção total de milho chegou bem próxima, expandindo-se quase 14% e chegando a 58,46 milhões de toneladas. O desempenho absoluto chegou ao adicional histórico de 7,1 milhões de toneladas. Os motivos foram boa produtividade da primeira safra, que cresceu 7,8%. O avanço do milho "safrinha" no Paraná - 9%, para 5,5 milhões de toneladas - atendeu ao apelo dos preços atrativos da commodity no mercado internacional.

Pela primeira vez, a safra de inverno do grão agregou mais volume do que a colheita de verão. Foram 3,62 milhões na comparação com 3,47 milhões de toneladas. No global, a safrinha ainda significa um pouco menos da metade da colheita de verão - 40 milhões a 18,4 milhões de toneladas.

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