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Tendência de acerto EUA/China vai implicar em decisões que o produtor de soja brasileiro precisa tomar


A tendência de os Estados Unidos se acertarem com a China surge no horizonte da conjuntura internacional e vai implicar em decisões que o produtor de soja brasileiro precisa tomar. Apenas essa semana o gigante asiático comprou um total de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas (MT), como um “gesto de boa vontade, mas absolutamente insuficiente para reduzir os altíssimos estoques finais de 27,36 MT (mais que o dobro dos da safra anterior)”, aponta o analista Luiz Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.

De acordo com ele, a China precisaria repetir estas compras por mais dez vezes, pelo menos, para realmente atingir os objetivos dos norte-americanos: “Na verdade precisariam ser 15 vezes, porque a média histórica de volume de estoques finais da soja americana fica ao redor de 5,0 MT, que seria o ideal, para Chicago voltar aos patamares de $ 10,50/bushel. O que pensa o mercado sobre isto? As apostas são de ver para crer. Já foram criadas tantas expectativas sobre isto que ninguém acredita mais. O mercado vai avançar à medida que forem colocadas ordens concretas, como as destas semanas. Se isto não voltar a acontecer, o mercado volta a andar de lado ou até a cair novamente”.

Pacheco afirma que, neste meio tempo, o agricultor brasileiro precisa tomar duas decisões importantes: a) sobre a soja que tem disponível, para decidir se vende ou não; b) sobre a área de soja a ser plantada, para decidir se aumenta, mantém a mesma ou diminui. “Para decidir sobre a primeira, precisa saber se o preço volta a subir ou não. Para decidir sobre a segunda precisa saber se a China vai comprar soja brasileira no ano que vem”, aponta.

Se a China continuar a comprar como fez esta semana e no mesmo volume, diz ele, Chicago pode subir mais 40 cents/bushel para $ 9,20 ou 5,32% e repetir isto tantas vezes quantas forem estas compras. Os prêmios da soja brasileira poderão cair na mesma proporção, algo ao redor de 20
cents/cada vez até ficar negativos, mas tem que ver se as Tradings irão comprar ou não (nesta semana ficaram de fora, então não adianta nada qualquer nível de prêmio). Sua opção seria apenas o mercado interno, que estaria pagando o preço que tem hoje e lhe proporcionando os lucros atuais.

Já se a China não comprar mais nada, então é possível que ela volte a comprar soja brasileira, voltando também a elevar um pouco os preços oferecidos nos portos. “Nossa recomendação é que, se isto acontecer, se aproveite para vender mais um pouco. Claro que tem o fator dólar, que mal mencionaremos aqui, mas as projeções do Relatório Focus para 2020 são de que ele se situe na média de R$ 3,90/3,85, o que puxaria o preço da soja levemente para mais baixo ainda”, sugere Pacheco.

RECOMENDAÇÃO

Sobre o que fazer com a soja disponível, o analista da T&F afirma que o agricultor não tem que pensar no número do preço que lhe é apresentado, mas no percentual de lucro que está tendo neste momento. Com o custo de produção em mãos (R$ 64,35 de custo total, segundo o Deral-PR ou R$ 49,53 de custo operacional, também segundo o Deral), deve comparar com o preço que lhe é oferecido no balcão, neste momento: R$ 73,50 tanto em Cascavel-PR como em Ijuí-RS, para usarmos como referência. 

“Comparado com o custo total o lucro limpo, depois de pagas todas as despesas, seria de 14,22%,o que não é pouco em qualquer ramo; já se comparado apenas com o custo operacional (o que usou apenas para plantar a soja) o lucro subiria para 48,39%. Mas, o que ele quer mesmo saber é se o preço volta a subir ou não. Ninguém sabe isto. É loteria pura. Você tem que decidir sobre o que tem na mão e não sobre possibilidades que podem se confirmar ou não”, argumenta. 

Sobre aumentar ou não a área, explica o especialista, a recomendação é positiva: “Não tenha medo de aumentar, porque a China vai comprar tudo o que plantarmos. Como sabemos disto? Porque os prêmios da safra nova brasileira caíram bem menos do que os da safra velha, pois estaremos quase sozinhos no mercado e a China deverá comprar regularmente o que oferecermos. E ficará feliz em poder depender menos dos EUA. Não estamos dizendo que os preços explodirão, porque isto ninguém sabe, mas, que há uma grande probabilidade de você manter os lucros atuais, talvez até aumentar um pouco e conseguir escoar tudo o que plantar, sem ficar com produto na mão”.

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