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Vida longa para as goiabas!

Pesquisa com fécula de mandioca para aumentar vida útil da goiaba é realizada na Biofábrica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


Mandioca e goiaba, duas culturas distintas e um objetivo comum: aumentar a vida útil desse fruto e ampliar a participação baiana nos mercados interno e externo sem perda de qualidade.

É o que garante uma equipe de pesquisadores da Biofábrica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), campus de Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador.

O processo consiste na aplicação de fécula de mandioca sobre a casca da goiaba, por meio da imersão, para afetar a respiração do fruto. Segundo avaliou os pesquisadores neste experimento, a goiaba respira mais lentamente e, portanto, amadurece do mesmo modo. Até o final deste mês, os primeiros resultados deverão ser apresentados à comunidade externa do segmento.

Na última semana de setembro, os especialistas fizeram a análise de açúcar redutor em extratos congelados de goiaba. O teste avaliou a qualidade do fruto, que permaneceu armazenado 12 dias. O objetivo do trabalho é observar a transformação no teor de açúcar para ver se o fruto está mais ou menos doce.

PERÍODO CURTO - Como a goiaba é colhida em estado de vez, ela continua amadurecendo e reduzindo sua vida útil. Esse período é muito curto. Geralmente entre três e quatro dias após a colheita o fruto já está no ponto de ser consumido. Caso contrário, fica estragada.

"O que queremos com essa pesquisa é fazer a aplicação de produtos naturais para manter esse fruto com vida maior pós-colheita", justifica o professor orientador, Abel Rebouças.

"Após a colheita da goiaba, a fruta permanece não só três ou quatro dias, mas de seis a oito dias, dando mais facilidade de transporte para o mercado distante", completa. A goiaba produzida na Bahia encontra mercado em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador.

"Às vezes entre a colheita e o transporte gastam-se dois dias e, até chegar ao mercado de venda para o consumidor, precisa-se de dois a três dias e geralmente não dá para equacionar esse tempo e há perda de pós-colheita", continua Rebouças.

A goiaba deve ser consumida, preferencialmente, ao natural, quando conserva todos os seus princípios nutritivos, principalmente a vitamina C.

Para conservar a goiaba, o recomendável é armazená-la na geladeira após lavar e secar, pois se estraga com facilidade.

SAUDÁVEL - Quando não são consumidas logo, as goiabas começam a ficar passadas.Mesmo assim, servem para fazer doce.

Em boas condições, as goiabas se conservam por uma semana na geladeira. O professor Abel Rebouças, especialista em fruticultura, sustenta que a goiaba é uma das frutas mais saudáveis e, comparada com outras frutas, a goiaba possui boa fonte de betacaroteno, folato e vitaminas B, niacina e piridoxina.

Um hectare de goiaba (equivalente a uma área de um campo de futebol) é responsável pela geração de quatro a cinco empregos, ocupando mão-de-obra com poda, aplicação de produtos, colheita quase que diária, classificação e comercialização.

A goiabeira é uma árvore perene e produz frutos comercialmente por pelo menos 15 anos.

Pelas características próprias de seu cultivo, a planta permite o respeito ao período de carência da pequena quantidade de agrotóxicos empregados no cultivo. O período de safra da goiabeira vai de janeiro a maio.

Os resultados práticos com a pesquisa são aguardados com expectativa pela comunidade acadêmica e produtores em geral. Por enquanto, o projeto de pesquisa está em fase de análise. Embora ainda esteja em andamento, a pesquisa acadêmica já desperta interesse em produtores de todo o Estado.

Pesquisa ganha força em pomar de Tanhaçu

A região sudoeste responde com dois grandes pomares de goiaba: nos municípios de Caraíbas e Tanhaçu, este último considerado um dos maiores do Estado, com produção agrícola e de processamento de geléias, compotas, massas, sucos, goiabadas e derivados, totalizando três mil toneladas/ano.

O volume de negócios chega a R$ 530 mil, somente em Tanhaçu, cuja área plantada é superior a 42 hectares, com rendimento médio de 70 mil quilos por hectare.

Também existe comércio de fruta fresca no pomar em Tanhaçu. Foi a partir dessa unidade produtora que a pesquisa ganhou corpo. A proposta apresentada pela engenheira de alimentos Yure Bibiana Menezes se transformou em objeto de estudo e será defendido em dissertação de mestrado.

Desenvolvido desde julho deste ano, o projeto de pesquisa, intitulado "Uso de fécula de mandioca na conservação e pós-colheita de goiaba Paluma", realiza recobrimento da casca do fruto em diferentes tempos e concentrações.

O TESTE - Para realização dos experimentos, os frutos são mergulhados em suspensões a 0; 1,5; 3 e 4,5% de fécula de mandioca por um e três minutos, secos ao ar e armazenados em temperatura ambiente.

Em seguida, ocorre a análise física durante 12 dias.

Na segunda etapa, iniciada em agosto, foi avaliada a qualidade interna do fruto. "Esperamos obter um produto com melhor aparência, baixo custo e maior vida útil", reforça a pesquisadora da Uesb.

O empresário Fabiano Marques Oliveira Júnior, de Bom Jesus da Lapa, é um entusiasta do experimento.

"Vamos agregar valor ao nosso produto e ampliar a participação baiana no mercado de goiaba".

A superfruta reúne qualidades

Rica em vitamina C, importante agente no combate a infecções, a goiaba auxilia no processo de cicatrização, hemorragias e cortes, além de possuir um aroma agradável e não ter contra-indicação. Essas são algumas das propriedades desta fruta tipicamente tropical, muito consumida no Brasil.

Batizada pelos pesquisadores mundiais de "superfruta", a goiaba reúne propriedades tão diversas que não é raro encontrar novidades científicas envolvendo as qualidades do fruto, como a redução do nível de colesterol e auxílio no emagrecimento.

Os pesquisadores sustentam também que a ingestão de um pedaço de goiaba vermelha por dia pode reduzir consideravelmente os níveis de pressão arterial, colesterol e triglicérides.

Isso acontece, explicam os especialistas em fruticultura, porque a fruta é rica em licopeno e em fibras solúveis, capazes de se ligarem aos ácidos biliares, interferindo na absorção de gorduras.

Em termos comparativos, uma goiaba com 100 gramas, por exemplo, tem apenas 57 calorias. Isso talvez explique por que ela é uma das frutas mais consumidas pelos adeptos da dieta dos pontos, onde sua equivalência é igual a zero ponto.

COMBINAÇÃO - Outra curiosidade sobre a goiaba e suas combinações alimentares é que a tradicional sobremesa "Romeu & Julieta" é uma opção bem menos calórica do que se imagina. A combinação de 30 gramas de goiabada com uma fatia de 25 gramas de queijo prato soma somente 171 calorias.

A goiaba tem grande valor nutritivo graças, também, ao elevado teor de vitamina C, importante no combate às infecções, hemorragias, fortalece ossos e dentes, cicatrizante e reduz as queimaduras.

Possui também vitamina A, boa para a vista, conserva a saúde da pele e das mucosas e auxilia no crescimento, tem vitamina B1, que ajuda na regularização do sistema nervoso e aparelho digestivo.

"Esse fruto é rico em sais minerais: cálcio, o fósforo e o ferro, que ajudam na formação dos ossos, na dentição e no controle do sangue", cita o produtor Jorge Monteiro.

O naturalista Moisés Matias, por sua vez, lista as administrações da goiaba. "Qualquer pessoa, de qualquer idade acima de dois anos, pode usar, menos aquelas que têm problemas no aparelho digestivo ou problemas intestinais, como diarréias e estomatites".

Sob a forma de chá, boa para fazer gargarejos, curar infecções da boca e garganta etc.

328 mil toneladas de goiaba foi o volume de produção do País em 2006; a Bahia respondeu por 15 mil toneladas (IBGE).

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